Inflação em alta está derretendo a popularidade de Bolsonaro
O presidente desprezou o combate à pandemia pensando que a recuperação econômica garantiria sua reeleição. Não foi o caso
atualizado
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Enquanto o presidente Jair Bolsonaro disfarçava a irritação com meia dúzia de microfones defeituosos que o impediam de falar para uma plateia de evangélicos em Brasília, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, em outro ponto da cidade, celebrava os resultados de mais uma pesquisa repleta de boas notícias para ele.
Aplicada entre 30 de setembro e 3 de outubro, com uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos, pesquisa Quaest ouviu 2.048 eleitores. Em todos os cenários considerados para a eleição do ano que vem, Lula vence com 43% a 46% no primeiro turno, e no segundo supera qualquer adversário.
Na média estimada dos oito cenários para o 1º turno, ele aparece com 45%, seguido por Bolsonaro, com 26%, e Ciro Gomes com 11%. No 2º turno, Lula venceria Bolsonaro (53% a 29%), Ciro (49% a 26%), Sergio Moro (52% a 26%), Luiza Trajano (54% a 17%), João Doria (54% a 16%) e Rodrigo Pacheco (56% a 14%).
A pesquisa também aponta Lula como o melhor candidato para resolver problemas centrais do Brasil. Para 37%, é o mais indicado para enfrentar os problemas ligados à Saúde (Bolsonaro, em 2º, tem 19%); e o preferido para lidar com desafios na segurança pública (29%), na corrupção (28%) e na economia (44%).
“A inflação está comendo a popularidade do presidente”, avalia o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest Consultoria e Pesquisa. É por isso que Bolsonaro tanto se esforça em jogar nas costas dos governadores a culpa pela inflação, e corre atrás de dinheiro para anabolizar o programa Bolsa Família.
“Em 2020, ele perdeu muito com a pandemia. Neste ano é a economia que deteriora a sua imagem”, explica Nunes. “Ou seja, ele fez duas apostas erradas. Chutou a pandemia achando que a economia iria salvá-lo. Está acontecendo justamente o inverso”. E deve piorar porque a inflação continuará crescendo.