Impeachment de ministros do STF é mais um factoide de Bolsonaro
O que Ciro Nogueira, o pacificador da República, pensa da iniciativa do seu novo chefe?
atualizado
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Quem se dispõe a convencer Jair Bolsonaro de que o vice-presidente Hamilton Mourão, ao reunir-se secretamente com o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, na última terça-feira, não conspirava para derrubá-lo?
E logo naquele dia, quando o patético desfile de carros blindados e avariados da Marinha foi encenado na Esplanada dos Ministérios a pretexto da entrega de um convite para que Bolsonaro comparecesse ao encerramento de manobras militares no Goiás?
Que não se conte para tal empreitada com o senador Ciro Nogueira (PP-PI), chefe da Casa Civil da presidência. Ele assumiu o cargo com a pretensão de atuar como pacificador, aquele que limou as arestas entre Bolsonaro e os demais poderes da República.
Dá sinais do seu desconforto. O clima no Palácio do Planalto é pior do que ele imaginava. Bolsonaro prometeu-lhe comportar-se de forma menos provocadora, e faz exatamente o contrário. Nogueira parece destinado a virar um reles despachante do Centrão.
O encontro de Mourão com Barroso desatou a fúria de Bolsonaro e deu-lhe a ideia do que fará esta semana. Na companhia do maior número possível de auxiliares, ele planeja ir a pé ao Senado propor o impeachment dos ministros Barroso e Alexandre de Moraes.
Nogueira irá com ele? Pouco importa. Será mais um gesto de Bolsonaro para não perder o voto dos seus seguidores mais radicais, os que ainda perseveram em apoiá-lo. E também para permanecer à luz dos holofotes. Falem mal dele, mas falem.
A proposta de impeachment ou será rejeitada de saída por Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado, se não lhe faltar coragem para isso, ou irá mofar no fundo de uma gaveta. Não passa de um factoide, e o Senado tem mais o que fazer.