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Ibaneis Rocha: se não foi conivente, pode ter sido negligente

Se depender do PT e políticos em geral, ele voltará ao cargo. Se depender de Arthur Lira e de Lula, não. Vai depender do STF

atualizado

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rosa weber e ibaneis
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Mesmo que não exista um só fato que o incrimine diretamente na tentativa fracassada de golpe do 8 de janeiro, a situação do governador afastado Ibaneis Rocha (MDB-DF) é menos confortável do que o que ele diz ou quer que pareça.

Não há provas de que ele foi conivente, segundo perícia feita pela Polícia Federal no seu celular. Mas as transcrições das mensagens encontradas mostram que ele foi alertado com antecedência sobre o que poderia ocorrer. Na melhor das hipóteses, foi negligente.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, afastou Ibaneis porque “absolutamente nada justifica a omissão e conivência do Secretário de Segurança Pública e do governador com criminosos que, previamente, anunciaram” o que fariam.

A direção nacional do PT, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), líderes de partidos e governadores querem a volta de Ibaneis ao cargo. Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e Lula querem a posse da vice Celina Leão (PP-DF).

Veja a cronologia das mensagens trocadas por autoridades com Ibaneis:

Dia 7

20h – De Pacheco para Ibaneis: “Estimado governador, boa noite! A Polícia do Senado está um tanto apreensiva pelas notícias de mobilização e invasão ao Congresso. Pode nos ajudar nisso?”

20h4 – De Ibaneis para Pacheco: “Já estamos mobilizados. Não teremos problemas. Coloquei todas as forças nas ruas.”

21h11 – Flávio Dino, ministro da Justiça, envia um ofício a Ibaneis pedindo ajuda para bloquear a circulação dos ônibus de turismo nas imediações da Esplanada dos Ministérios.

Dia 8

0h28 – Dino envia a Ibaneis cópia de notícia publicada pelo portal Metrópoles onde o governador diz que a manifestação estaria liberada desde que pacífica. E pergunta: “Governador, não entendi bem qual seria a sua orientação para a Polícia do DF. Onde será o ponto de bloqueio e de que forma?”

A pergunta ficou sem resposta.

11h21 – Ibaneis encaminha a Dino um relato do delegado Fernando de Souza Oliveira, Secretário de Segurança em exercício: “Público oriundo das caravanas em torno de 2.500 pessoas. Verificou-se a chegada de mantimentos (alimentos, água, material de higiene) e instalação de diversas barracas de camping e lona”.

E Ibaneis destaca: “Situação tranquila, no momento.”

Ibaneis também encaminhou a Dino mensagem de áudio de Fernando: “Bom dia, governador! Passando as últimas notícias da madrugada e do início do dia. Não houve nenhuma intercorrência relacionada aos manifestantes. Tudo bem tranquilo, eles estão… A maioria no QG, mas de forma pacífica e tranquila”.

Dino responde a Ibaneis: “Obrigado, amigo.”

14h31 – Ibaneis manda para Dino novo áudio do secretário Fernando. E escreve: “Informe do meio-dia”.

No áudio, Fernando diz: “Até agora nossa Inteligência está monitorando e não há nenhum informe de questão de agressividade ligada a esse tipo de comportamento. Então esse é o último informe pro senhor. Tem aproximadamente 150 ônibus já no DF, mas todo mundo de forma ordeira e pacífica”.

Dino responde a Ibaneis: “Oremos para que tudo acabe bem”.

Àquela altura, os golpistas haviam abandonado o acampamento à porta do QG do Exército e já tinham rompido o ponto de revista montado pela Polícia Militar na Esplanada dos Ministérios. Às 14h40, romperam a linha de contenção formada por poucos policiais. Às 15h, já estavam no gramado em frente ao prédio do Congresso. Eram entre 5 e 6 mil.

16h5 – Dino telefona para Ibaneis, que não atende.

16h25 – A presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Rosa Weber, envia mensagem a Ibaneis: “Já entraram no Congresso!” Ibaneis responde: “Coloquei todas as forças de segurança nas ruas.”

16h43 – Ibaneis manda mensagem para Dino: “Vamos precisar do Exército”. A essa hora, os golpistas ocupavam e destruíam tudo o que encontravam no Palácio do Planalto, Congresso e Supremo.

Em depoimento à Polícia Federal no dia 13 de janeiro, Ibaneis disse que ficou “absolutamente surpreendido” com a falta de resistência da Polícia Militar à invasão da Praça dos Três Poderes. Admitiu que “houve algum tipo de sabotagem”.

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