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Hahahaha. Vejam só: Bolsonaro defende a liberdade de imprensa

Até Pinóquio sentiria vergonha

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Rodrigo Pacheco e Jair Bolsonaro conversam de máscara durante abertura da legislatura de 2022 - Metrópoles
1 de 1 Rodrigo Pacheco e Jair Bolsonaro conversam de máscara durante abertura da legislatura de 2022 - Metrópoles - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O presidente da República que entrará para a História do Brasil, entre outras coisas, por ter sido o que mais atacou a imprensa e os jornalistas, disse, ontem, na sessão solene que marcou a reabertura do Congresso depois das férias de fim do ano:

“Não deixemos que qualquer um de nós […] ouse regular a mídia, não interessa por qual intenção e objeto. A liberdade de imprensa, garantida em nossa Constituição, não pode ser violada ou arranhada por quem quer que seja neste país”.

E acrescentou sem corar:

“Os senhores nunca me verão vir aqui neste parlamento pedir pela regulação da mídia e da internet. Eu espero que isso não seja regulamentado por qualquer outro Poder. A nossa liberdade está acima de tudo”.

Sim, foi o mesmo Bolsonaro responsável por 34,19% dos ataques sofridos por jornalistas no ano passado, segundo o Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil, elaborado pela Federação Nacional dos Jornalistas.

Levantamento feito pela Agência Lupa mostrou que Bolsonaro atacou a imprensa em 86% das lives feitas por ele ao longo de 2021. Em 21 de junho, em entrevista à TV Vanguarda, afiliada da TV Globo, ele se irritou com uma pergunta e respondeu:

“Cala a boca! Vocês são canalhas! Vocês fazem um jornalismo canalha que não ajuda em nada! Vocês destroem a família brasileira, a religião! Você tinha que ter vergonha na cara e não se prestar a fazer esse serviço porco que você faz na TV Globo”.

Antes do início da pandemia, ele já dissera a um grupo de jornalistas nos primeiros dias de janeiro de 2020:

“Cada vez mais gente não confia em vocês. […] Eu cancelei todos os jornais no Planalto, todos, todos, não recebo mais nem jornal, nem revista. Quem quiser, que vá comprar. Porque envenena a gente ler jornal, a gente fica envenenado”.

Foi a fala mais amena dele a respeito do papel da imprensa e dos jornalistas. Dois meses depois, transmitiu um vídeo no qual o humorista Carioca distribuía bananas a jornalistas em frente ao Palácio da Alvorada. Carioca estava vestido de presidente.

Em abril, sobre a pandemia, chamou a Globo de “imprensa de lixo”, para corrigir-se em seguida: “Globo nem lixo é, porque não pode ser reciclada”. Em maio, em frente ao Palácio do Planalto, mandou repórteres calarem a boca.

A um repórter que perguntou sobre o que deveria ocorrer com seu filho Flávio caso se comprovasse que ele cometeu crimes, Bolsonaro respondeu em agosto: “Você tem uma cara de homossexual terrível. Nem por isso te acuso de ser homossexual”.

Na mesma ocasião, um repórter lhe perguntou se tinha um comprovante de uma operação de empréstimo que o presidente disse ter feito a Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio sob investigação. Resposta:

“Porra, rapaz, pergunta para sua mãe o comprovante que ela deu para o seu pai, tá certo? Pelo amor de Deus. Comprovante, querem comprovante de tudo”.

Bolsonaro já ameaçou “encher de porrada” a boca de um jornalista. Já disse que lata de leite condensado “é para enfiar no rabo de vocês da imprensa”. E sobre uma reportagem exclusiva da Folha de S. Paulo, disse que a repórter queria “dar o furo”.

Jamais pediu desculpas por ter dito qualquer uma dessas coisas. A defesa que fez da liberdade de imprensa no Congresso foi para se contrapor a Lula, a quem acusa de querer limitá-la. A acusação é falsa, mas Bolsonaro está em campanha e carece de votos.

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