HÁ VINTE ANOS – Os norte-americanos se divorciam do mundo
Um cheque em branco para o vencedor
atualizado
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Quando ao longo da campanha eleitoral John Kerry, candidato do Partido Democrata, ensaiava elevar o tom de suas críticas a George W. Bush, o presidente republicano candidato à reeleição respondia tentando caracterizá-lo como um candidato de esquerda, ou quase isso. No mínimo, um candidato liberal demais.
Então Kerry baixava a bola e recuava com medo de perder o voto dos eleitores de centro. De resto, não combinava com seu temperamento bater forte. Bush escolheu o tema em torno do qual deveria girar a campanha, a dele e a de Kerry: a guerra contra o terror. E Kerry placidamente aceitou a escolha dele.
Kerry passou toda a campanha tentando se parecer com Bush. À cópia, portanto, os norte-americanos preferiram o original. Os Estados Unidos irão mais para a direita – se isso ainda for possível, sempre é. A influência religiosa aumentará. O império se tornará mais império. Será por aí mesmo?
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O país de Bush garantiu ao partido de Bush a maioria na Câmara dos Deputados, a maioria no Senado, e aprovou em 10 Estados a emenda constitucional que proíbe o casamento homossexual. A emenda foi defendida por Bush.
Os Estados Unidos deram um cheque em branco ao seu presidente. E se não estiver totalmente em branco, Bush entenderá como se estivesse. Ao contrário da eleição passada, Bush ganhou também no voto popular.
(Publicado aqui em 7 de outubro de 2004)