Há VINTE ANOS – O de sempre contra a mesma coisa
Como será daqui a dois anos
atualizado
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O exercício do poder é pela direita. Aqui e em toda parte. Quem chega ao poder não quer sair de lá. E, se necessário, divide aliados, espreme a oposição e controla a mídia para que ela não o enfraqueça com suas críticas. Todos os seus atos são no sentido de conservar, de manter o que conquistou.
O exercício do poder é reacionário pela própria natureza. Não devemos, pois, nos espantar com o que Lula e sua turma fazem ou deixam de fazer. Nada mais banal do que ganhar com um discurso e governar com outro. Pretextos para isso sempre haverá.
Nada mais banal do que repetir gestos, métodos e comportamentos dos que os antecederam. Nada mais banal, por consequência, do que incorrer nos mesmos erros.
No governo Fernando Henrique Cardoso, denunciou-se a punição, por exemplo, de agentes da Polícia Federal que haviam causado embaraços ao governo ou a aliados do governo. Foram punidos com a transferência para lugares ermos – ou distantes das melhores cidades.
Agentes federais que prenderam o marqueteiro do PT Duda Mendonça em uma rinha no Rio acabam de ser removidos da capital para o interior do Estado.
FHC prometera não abusar da edição de Medidas Provisórias em respeito ao Congresso. Abusou. Lula prometeu a mesma coisa. Esqueceu a promessa. A continuar na velocidade em que vai, acabará editando mais Medidas Provisórias do que FHC.
Um dos cinco dedos que resumiam as principais promessas de governo de FHC tinha a ver com o combate feroz à violência urbana. A violência cresceu nos oito anos de governo dele. O outro dedo tinha a ver com a criação de empregos. O desemprego aumentou enquanto ele foi governo.
É uma pena que Lula e o PT tenham vencido as eleições de 2002. Porque a esperança venceu o medo para ser derrotada logo em seguida – e nada restou no seu lugar.
A próxima eleição presidencial será disputada pelo “o de sempre” contra “a mesma coisa”. O mais que ela vier a representar será pura invenção de marqueteiros.
(Publicado aqui em 27 de novembro de 2004)