HÁ VINTE ANOS – Jantar azedo, almoço cancelado. Tudo por dinheiro
Por enquanto, a pão e água
atualizado
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Estão reunidos com Lula no Palácio do Planalto os ministros José Dirceu, da Casa Civil, Aldo Rebelo, da Coordenação Política, Antonio Palocci, da Fazenda e o deputado João Paulo (PT), presidente da Câmara dos Deputados.
Em discussão: a liberação do dinheiro previsto no Orçamento da União para a execução de obras públicas de interesse de deputados e senadores. No total, as propostas apresentadas por deputados e senadores individualmente somam R$ 2,5 bilhões.
Segundo Rebelo, o governo já empenhou R$ 1 bilhão e pagou cerca de R$ 400 milhões. Palocci não quer liberar mais nada – ou admite liberar só mais um pouquinho.
Lula almoçaria hoje na casa de João Paulo com líderes dos partidos que apoiam o governo – o almoço foi cancelado. João Paulo teve o cuidado de fazer uma prévia do almoço ao reunir ontem os líderes de todos os partidos para jantarem – inclusive os líderes do PFL e do PSDB. Esses não precisaram abrir o bico.
Os líderes dos partidos aliados do governo falaram grosso e disseram que não votarão mais nada no Congresso se o governo não liberar o dinheiro das emendas. Estavam furiosos. Os mais furiosos: Pedro Henry, do PP, José Borba, do PMDB e José Mucio, do PTB.
Eles se queixaram do governo amargamente. Por sua vez, o ministro Rebelo, presente ao jantar, disse que Palocci fechou o cofre porque quer garantir este ano o superávit de 6% do Produto Interno Bruto – embora o Fundo Monetário Internacional cobre um superávit de 4,75%.
Ou Lula dobra Palocci (o que costuma acontecer é o contrário) ou o Congresso continuará sem votar nada. Hoje não votou. Dificilmente votará algo nesta semana.
(Publicado aqui em 9 de novembro de 2004)