HÁ VINTE ANOS – Diplomacia de Lula em alta rotação – história exemplar
Sem nota e às gargalhadas
atualizado
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Rescaldo da reunião dos representantes de todos os países das Américas do Sul e Central (à exceção de Cuba) que integram o chamado Grupo do Rio.
A reunião ocorreu no Rio na última sexta-feira. Hugo Chávez, presidente da Venezuela, só se refere a Condoleezza Rice, assessora do presidente George W. Bush para assuntos de Segurança Nacional, como “Condolência”.
Sempre que pode, a assessora pega no pé do presidente venezuelano. E podendo ou não, Chávez responde às suas críticas.Diante dos colegas de continente, ele se queixou amargamente de Condoleezza, e à certa altura do discurso, disse:
– Eu exijo, exijo que o Grupo do Rio faça uma nota se solidarizando comigo e criticando a senhora “Condolência”.
Caiu um silêncio pesado sobre todos ali. Como negar a solidariedade pedida? Mas como bater na assessora de Bush e arranjar encrenca com ele?
Foi Lula que salvou a situação. Ele ligou o microfone diante do lugar onde estava sentado, deu uma risadinha, olhou para Chávez e falou:
– Ô Hugo, ô Hugo, eu não falo inglês… Você não fala inglês, a maioria dos nossos cidadãos não fala inglês. A Condoleezza te criticou em inglês. Deixa prá lá, ô Hugo, deixa prá lá…
Chávez riu sem graça. O silêncio cedeu a vez a uma gargalhada coletiva e demorada. E não se falou mais de nota contra a secretaria.
(Publicado aqui em 10 de outubro de 2004)