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Lula foi vaiado por um grupo de 30 estudantes enquanto discursava na solenidade de lançamento da pedra fundamental do Memorial da República, em Maceió. Deu a resposta de praxe:
– O Brasil avançou tanto, a democracia avançou tanto, que até nossos companheiros conquistaram o direito de vir protestar. Acho isso de um significado extraordinário. Acho que isso demonstra que a democracia no Brasil veio para ficar. Como gritei a vida inteira em todos os palcos do mundo, nunca vou achar ruim que as pessoas gritem. Apenas quero dizer que muitas vezes as pessoas gritam até sem saber por que estão gritando.
O problema não está em ser vaiado. Nem na resposta padrão oferecida (o general João Figueiredo, o último presidente da ditadura de 64, preferiu sair no tapa com estudantes que o vaiaram uma vez nas ruas de Florianópolis).
O problema costuma estar na solidão que aflige quem chega ao poder. Quem convive de perto com Lula observa duas coisas:
* que ele acha que vai tudo muito bem, salvo um probleminha aqui, outro ali;
* que ele está cada vez mais trancado em si mesmo: ouve poucos assessores e decide quase tudo sozinho.
(Publicado aqui em 17 de novembro de 2004)