Governo perde de goleada na sessão da CPI que ouviu Mandetta
Ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta depôs por mais de 7 horas e criticou duramente o comportamento de Bolsonaro no combate à Covid
atualizado
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Perto do fim do depoimento do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, o governo Bolsonaro perdia de 7 x 0 na sessão na CPI da Covid-19. Foi o placar final, sem direito a gol de honra.
Como previsto, os senadores da oposição levantaram a bola para que Mandetta chutasse – e ele a matou no peito e atirou para marcar. Em algumas ocasiões, até fez firulas antes de chutar.
Os senadores governistas jogaram bolas quadradas para Mandetta – mas quando ele não pode chutá-las, fez de conta que não as viu. Driblou os poucos momentos em que pareceu embaraçado.
Os senadores ditos independentes não foram tão independentes, estavam mais para a oposição do que para o governo. Perguntas que fizeram permitiram Mandetta chutar na direção que quis.
Chutou forte na direção do presidente Jair Bolsonaro, seu alvo preferido, mas não o único. Requentou o que já se sabia e acrescentou revelações inéditas.
Sobrou para o vereador Carlos Bolsonaro, o Zero Dois, o chefe do gabinete do ódio no Palácio do Planalto, que participou de reuniões sobre a pandemia onde não deveria ter assento.
Sobrou também para o ministro Paulo Guedes, da Economia, tratado por Mandetta com certo desprezo. Chamou-o de “um desonesto intelectual, muito pequeno para o cargo que ocupa”.
Ao longo de mais de sete horas de interrogatório, Mandetta só perdeu o protagonismo quando o presidente da CPI anunciou que o ex-ministro Eduardo Pazuello não poderá depor amanhã.
O general que desfilou sem máscara em Manaus no último fim de semana queria depor, mas só remotamente. Disse que teve contatos com ex-assessores que poderiam ter sido contaminados.
Na verdade, tinha medo de ser abandonado pelo governo, sair da CPI como o principal responsável pelos erros cometidos no combate à pandemia, e, no limite, até ser preso.
Se não arranjar outra desculpa, será ouvido no próximo dia 19. A CPI ganhou mais 15 dias para munir-se de novas informações capazes de causar dores de cabeça ao general medroso.