Forças de segurança em alerta para não repetir os erros do 8/1
O tamanho do comício desta tarde na Avenida Paulista em nada mudará a situação de Bolsonaro
atualizado
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Sem votos para aprová-lo, deputados bolsonaristas deram entrada na Câmara a um pedido de impeachment de Lula. Sem esperanças de que o pedido seja aceito, torcem para que o examinem em 2025, a um ano da nova eleição presidencial.
Esses bolsonaristas devem acreditar que a Terra é plana, a cloroquina mata a Covid e golpe é livre manifestação de ideias. Parte deles estará hoje na Avenida Paulista para satisfazer a vontade do seu líder, que diz precisar de uma foto.
Alexa informa: há 63% de chances de chover em São Paulo. A temperatura estará amena, entre 20 e 30 graus, mas as pistas escorregadias com a chuva. Quem não quiser correr risco, fique em casa com a televisão ligada na Jovem Pan.
A Síndrome de Collor assusta os organizadores do evento. Como Bolsonaro agora, o então presidente Fernando Collor pediu aos brasileiros em agosto de 1982 que fossem às ruas em sua defesa vestidos de verde e amarelo.
À época, Collor era acusado de corrupção. O Congresso cassou seu mandato antes do final do ano. Milhares de brasileiros saíram às ruas em Brasília e em outras grandes cidades vestidos de preto. Teve mais preto que verde e amarelo.
Pergunte a um bolsonarista se Bolsonaro mente. Ele responderá que nunca o ouviu dizer uma mentira. Se não tapar os ouvidos, ouvirá esta tarde a Grande Mentira: fiel à Constituição que jurou, Bolsonaro nunca quis dar um golpe.
O vídeo da reunião ministerial de 5 de julho de 2022 prova que Bolsonaro discutiu o golpe abortado por falta de apoio militar. Seu ex-ajudante-de-ordem, o tenente-coronel Mauro Cid, já entregou à Polícia Federal tudo o que sabe a respeito.
São fartas as provas de que o golpe ganhou tração tão logo Bolsonaro foi derrotado por Lula. Há “dados que comprovam” que Bolsonaro “analisou e alterou uma minuta de decreto que embasaria a consumação do golpe”, segundo a Polícia Federal.
Interrogado na última quinta-feira, Bolsonaro calou-se. Os militares envolvidos no golpe calaram-se também. Por Deus e Nossa Senhora, um inocente não receia dizer que o é. Ao contrário: indignado, proclama sua inocência em todo lugar.
Bolsonaro pretende fazê-lo diante de uma multidão amiga e acostumada a gritar: “Eu autorizo”. Com medo de ser preso, diz que não atacará ninguém, e orienta seus devotos a não fazê-lo em cartazes e faixas. O que ele pensa ganhar com isso?
O tamanho da multidão não fará a Justiça recuar em nada. Investigado por atentado ao Estado de Direito Democrático, Bolsonaro seguirá sendo investigado. E se em sua fala cometer excessos, será preso preventivamente. Duvida? Que tente!
As forças de segurança do país estão em estado de alerta máximo para prevenir qualquer tentativa de bagunça e de vandalismo. Não por disporem de informações de que isso irá ocorrer, mas para não repetir os erros do 8 de janeiro.