Falta alguém no relatório sobre os culpados por 600 mil mortos
Adivinhe quem! Uma dica: não é paisano
atualizado
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Está tudo como mais ou menos se esperava na mais recente versão do relatório do senador Renan Calheiros (MDB-AL) a ser votado antes do final deste mês pela CPI da Covid.
Tem Jair Bolsonaro? Só faltava não ter. Ao presidente da República são atribuídos 11 tipos de crime – de corrupção passiva a genocídio, passando por fraude e charlatanismo.
Tem algum filho de Bolsonaro? Algum, não, tem os três zeros. Carlos e Eduardo por incitação ao crime de não usar máscara; Flávio, por advocacia e improbidade administrativa.
Constam do relatório o ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, e o atual, o cardiologista Marcelo Queiroga. Pazuello por 6 tipos de crime; Queiroga, por 1 (epidemia culposa com morte).
Falta algum nome que merecia ter sido citado? Há uma falta clamorosa: a do general Braga Neto, ministro da Defesa, e antes disso chefe da Casa Civil da presidência da República.
Alto lá! Nenhuma implicância com o general. Acontece que no ano passado ele coordenou todas as ações do governo no combate à pandemia, e como se viu, o combate foi um fracasso.
Áulicos do general poderão argumentar: como ser citado se ele sequer foi ouvido pela CPI? E se não foi é porque os senadores não encontraram razão para que fosse.
Por isso, não. Há muita gente citada na versão do relatório que também não foi ouvida. Se o governo favoreceu de propósito a circulação do vírus, o general também foi responsável.
Na reta final da CPI, parte da sua cúpula quis chamar Braga Neto para depor, mas a outra parte temeu que o gesto soasse como provocação às Forças Armadas. Coisa de paisanos medrosos.
Paisano é como os militares chamam os civis. Não nos têm em boa conta. Nunca tiveram. Só atrapalhamos. São eles os patriotas. Não amamos o Brasil como eles amam, é o que dizem.