Estados Unidos batem com a porta da ONU na cara da Palestina
Aumenta a escalada da guerra no Oriente Médio
atualizado
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Sob pressão do governo do presidente Joe Biden, que diz ser pela paz, contra guerras e a favor da suspensão de todas elas, o Congresso americano está prestes a aprovar um pacote de 95 bilhões de dólares para ajudar Israel e a Ucrânia a vencerem as guerras que travam com o Hamas e a Rússia.
Bem, contra o Hamas, um grupo de 30 a 40 mil combatentes acusados de terrorismo, a guerra de Israel propriamente não é. Para exterminá-los, Israel admite matar quantos palestinos civis não combatentes sejam ou não necessários, na Faixa de Gaza, na Cisjordânia, na Síria, no Líbano ou onde estiverem.
Já matou cerca de 35 mil em pouco mais de seis meses de guerra, a maioria mulheres e crianças. Está pronto para invadir Rafah, no Sul da Faixa de Gaza, onde Israel concentrou os palestinos que conseguiram escapar do Norte do enclave depois de serem intensamente bombardeados.
Deve fazer algum sentido o novo pacote de ajuda dos Estados Unidos. No caso, entenda-se ajuda como dinheiro que Israel e a Ucrânia ficarão devendo aos Estados Unidos. Israel alega que foi à guerra porque o Hamas invadiu seu território em outubro passado, matando 1.200 israelenses.
A Ucrânia está em guerra desde fevereiro de 2022 quando a Rússia disparou seus primeiros mísseis contra suas cidades, inclusive Kiev, a capital. Os Estados Unidos apoiam Israel desde a fundação do Estado Judeu, em 1948, em terras que há milênios pertenciam aos palestinos.
Os Estados Unidos não querem entrar em um conflito com o Irã se Israel atacá-lo diretamente. No último 1º de abril, Israel bombardeou a embaixada do Irã na Síria, matando três generais. O Irã revidou no sábado passado, disparando 300 drones e mísseis que não mataram uma só pessoa em Israel.
Foi uma demonstração de força do Irã e seu primeiro ataque direto ao solo de Israel. É cedo para dizer que o revide de Israel ao revide do Irã começou às primeiras horas da noite de ontem (18/4), com as explosões ouvidas nas cercanias da base aérea militar perto da cidade de Isfaha, no centro do Irã.
Israel não assumiu o ataque. O Irã não confirma que Israel o atacou. Fontes dos governos americano, israelense e iraniano disseram ao jornal The New York Times que houve o ataque. A escalada da guerra no Oriente Médio pode avançar em detrimento dos esforços diplomáticos para que cesse.
O governo de extrema-direita de Israel não quer que a guerra termine porque sabe que acabará junto com ela. O governo dos Estados Unidos gostaria que ela terminasse e que o governo de Israel desse lugar a outro mais brando. Enquanto não for possível, seguirá incondicionalmente do lado de Israel.
Deu mais uma prova disso ao bater com a porta da ONU na cara da Palestina. Um projeto de resolução que os Estados Unidos vetaram no Conselho de Segurança da ONU, na tarde de quinta-feira, frustrou uma longa campanha de outros países para garantir o reconhecimento do Estado palestino.
Em 2012, foi concedido à Palestina o estatuto inferior de observador nas Nações Unidas. Ela pode participar das sessões da Assembleia Geral da ONU, mas não votar. Com a atual guerra, a Autoridade Palestina pediu que aceitassem sua entrada na ONU na condição de um Estado soberano.
Cerca de 140 países manifestaram publicamente o seu apoio à candidatura palestina. Dos 15 membros do Conselho de Segurança, 12 votaram a favor, dois se abstiveram (Reino Unido e Suíça) e um (os Estados Unidos, que tem poder de veto) votou contra. Tal coisa não interessava a Israel.
Em Washington, um porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, disse antes da votação que a resolução sobre a criação de um Estado palestino estava morta:
“Continua a ser a opinião dos Estados Unidos que o caminho mais rápido para a criação de um Estado para o povo palestino é através de negociações diretas entre Israel e a Autoridade Palestina, com o apoio dos Estados Unidos e de outros parceiros”.
Israel é contra um Estado palestino desde sua fundação. Acusa-o de terrorismo. Israel já foi governado por líderes acusados de terrorismo. A História é escrita pelos vencedores. O terrorista do passado pode ser o estadista do futuro. Nelson Mandela, Prêmio Nobel da Paz, já foi chamado de terrorista.
“Nosso direito à autodeterminação é um direito natural e histórico de viver em nossa terra natal como um estado independente, livre e soberano”, declarou o embaixador da Palestina nas Nações Unidas, Riyad Mansour. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, retrucou:
“A vergonhosa proposta foi rejeitada. O terrorismo não será recompensado.”