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Está em curso a tentativa de se normalizar a violência contra Moraes

As bestas seguem soltas e não se converteram ao que abominam

atualizado

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O minstro Alexandre
1 de 1 O minstro Alexandre - Foto: Jacqueline Lisboa/Metrópoles

Foi grave, um pouco grave, nada grave ou irrelevante a agressão sofrida por Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo Tribunal Federal, e extensiva à sua mulher e ao filho no aeroporto de Roma na semana passada?

Os agressores foram os Mantovani – o pai Roberto, de 71 anos, empresário influente no município paulista de Santa Bárbara D’Oeste; a mãe Andreia; e o genro deles Alex Zanatta Bignotto. Roberto deu um tapa no filho do ministro, de nome Alexandre.

Andreia xingou Moraes chamando-o de “bandido, comunista e comprado”. Alex fez coro com a sogra. A princípio, eles disseram não se lembrar do episódio. Depois, negaram a agressão. Mais tarde, Roberto disse que não foi um tapa, mas um empurrão.

Imagens do circuito interno do aeroporto, já examinadas em Roma por um adido da Polícia Federal brasileira, atestam que foi um tapa e um empurrão que quase derrubaram os óculos de Alexandre, o filho do ministro. Sem som, não registram o coro de ofensas.

A depender do ângulo em que foram filmados Andreia e Alex, técnicos em linguagem labial sempre poderão decifrar o que eles disseram. Com certeza, não proferiram elogios ao ministro, o principal alvo do ataque. A família Moraes também irá depor.

Está em curso, por meio de advogados de defesa dos Mantovani, e juristas sempre dispostos a opinar quando consultados ou não, a construção da narrativa, nada desinteressada, de que o ocorrido, por razões políticas, está sendo superdimensionado.

E que se não envolvesse um ministro do Supremo, e logo o comandante do inquérito que investiga os ditos atos que puseram em risco a democracia no Brasil, o ocorrido teria passado em branco, não provocando tamanha algazarra mediática.

Ameaça ao Estado de Direito, portanto, não houve, afirmam advogados e juristas de ocasião. No máximo, teve-se um agravo que poderia caracterizar “injúria, ameaça e desacato”, com base nos artigos 140, 147 e 331 do Código Penal.

O artigo 359-L do Código Penal diz que é crime “tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado democrático, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais”. Mas essa não seria a intenção dos Mantovani.

Descolados de tudo que aconteceu no país nos últimos quatro anos, especialmente entre julho de 2022, quando Bolsonaro desacreditou o processo eleitoral diante de embaixadores estrangeiros, e a tentativa de golpe em 8 de janeiro, os Mantovani até poderiam parecer uns anjinhos.

Porém, o que fizeram não dá para ser descolado da sequência dos fatos vividos pelo país. Por acaso, ofenderiam Moraes, e do modo como fizeram, se ele não tivesse se destacado como o mais feroz defensor da democracia nos tribunais superiores de Justiça?

Para considerar a agressão como algo grave, dado ao ódio que Moraes desperta nos inconformados com o desfecho da eleição presidencial de 2022, seria necessário que o tapa, o empurrão e os desaforos tivessem culminado com um soco na cara do ministro?

Quer-se normalizar o que não deve e não pode ser normalizado. As bestas adeptas do uso da violência para demolir as instituições democráticas foram derrotadas, mas nem por isso se converteram ao que abominam. Estão longe, muito longe disso.

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