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Esta eleição é sobre a democracia, e não sobre qualquer outra coisa

Por que deixar para depois o que pode ser feito antes?

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Manifestantes fazem um ato a favor da democracia no aniversário de 57 anos do golpe de 1964, na avenida Paulista, região central de São Paulo.
1 de 1 Manifestantes fazem um ato a favor da democracia no aniversário de 57 anos do golpe de 1964, na avenida Paulista, região central de São Paulo. - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

Agora, diz-se que mesmo para derrotar Bolsonaro o melhor seria que houvesse segundo turno porque haveria mais tempo para o confronto de ideias e isso daria mais legitimidade ao eleito.

O argumento esconde o desejo de que finalmente apareça um candidato da terceira via. Não foi Sérgio Moro (União Brasil), nem João Doria (PSDB), mas poderá ser Simone Tebet (MDB).

Desejo legítimo do eleitor que não quer votar nem em Lula e nem em Bolsonaro. Daqui até setembro tem tempo suficiente para que um candidato alternativo apareça, e não seria mal que aparecesse.

Mas, e se não aparecer? Ou se aparecer, mas não conseguir crescer a ponto de tornar-se uma alternativa a Bolsonaro ou a Lula? A estar certo o Datafolha, 75% dos eleitores já se decidiram.

Eles dizem que votarão em Lula e em Bolsonaro, embora parte deles possa mudar de opinião. Mas se não mudar? Se nenhum dos outros candidatos emplacar? Se só restarem Lula e Bolsonaro?

Convenhamos: não será uma escolha difícil. Em 2018, muitos disseram que seria uma escolha difícil entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT). Por suposto, os dois seriam iguais.

Goste-se ou não de Lula, ele governou duas vezes e deixou o cargo como o presidente mais bem avaliado da história. Nunca ameaçou a democracia, e se imaginou um dia fazê-lo, desistiu.

Bolsonaro ameaça a democracia desde antes de se eleger e faz alarde. Quem prefere uma ditadura ou um regime autoritário, que vote nele. Tem esse direito. Quem não prefere, que vote em outro.

É absolutamente elementar que eleger no primeiro turno Lula, Ciro Gomes (PDT), Simone ou qualquer outro candidato reduzirá as chances de Bolsonaro tentar dar um golpe.

Ou ele já abdicou disso? E os militares que o apoiam, os milicianos, policiais militares, colecionadores de armas e demais ensandecidos também desistiram? Converteram-se à democracia?

Quando estourou o escândalo do mensalão em meados de 2005, o então poderoso PSDB, do alto de sua sabedoria, concluiu que o melhor seria deixar Lula sangrar para vencê-lo dali a um ano.

A receita não se aplica a Bolsonaro. Se ele disputar o segundo turno e for derrotado por uma pequena margem de votos, alegará que houve fraude e não reconhecerá os resultados.

Esta eleição é sobre a democracia, e não sobre qualquer outra coisa. Lula, Ciro e Simone sabem disso.

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