Esqueceram de convidar Dilma para jantar com Lula e Alckmin
De nada adianta esconder a ex-presidente. Ela faz parte da história
atualizado
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É possível imaginar que Lula e Geraldo Alckmin não foram consultados sobre a lista de convidados para o primeiro encontro público entre eles – um, candidato a presidente na eleição do ano que vem, o outro, aspirante a vice? Teria sido uma indelicadeza, decerto. E um desnecessário risco político para os dois.
Dê-se, portanto, de barato, que ambos sabiam, sim, com quem iriam jantar no restaurante A Figueira, na região dos Jardins da capital paulista, no último domingo. E que na relação dos convidados faltava um nome de peso – o da ex-presidente Dilma Rousseff, indicada por Lula para sucedê-lo a partir de 2010.
Se Lula não se deu conta disso, ou se deu e achou melhor não ligar, não seria Alckmin a fazê-lo. O advogado Marco Aurélio Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativa e organizador do jantar, jura por todos os santos que jamais se esqueceria de convidar Dilma, e que a tarefa foi dada a Rui Falcão, ex-presidente do PT.
Falcão desmente. Carvalho corrigiu-se: o encarregado de convidar Dilma foi José Eduardo Cardoso, ex-ministro da Justiça do governo dela. Cardoso admite a falha, mas preferiu atribuí-la a “um ruído de comunicação”. Que vem a ser o quê mesmo? Problema que ocorre durante a transmissão de uma mensagem.
Quer dizer: qualquer coisa. Um esquecimento, um mal entendido, um equívoco. Petistas disseram que Dilma não foi convidada porque estava em Porto Alegre. Ora, ora, ora… Porto Alegre fica a uma hora e meia de voo de São Paulo. De mais longe voaram para o jantar os governadores do Piauí, Pernambuco e Bahia.
O verdadeiro motivo é outro: Dilma virou um estorvo para o PT. O jantar atraiu nomes que votaram ou que apoiaram sua derrubada – Gilberto Kassab e Baleia Rossi, presidentes do PSD e do MDB, a ex-deputada do PT Marta Suplicy, os senadores Renan Calheiros (MDB) e Osmar Aziz (PSD), e o próprio Alckmin.
Lula alega que está dispensado de fazer autocrítica porque seus adversários já o criticam bastante. No escurinho dos gabinetes, reconhece que a escolha de Dilma foi um dos seus maiores erros. Isso lhe será cobrado durante a campanha. Não adianta, portanto, esconder Dilma. De resto, a escolha foi dele, não dela.