Esqueçam o que disse o governador gaúcho Eduardo Leite
Tão jovem e tão sem palavra
atualizado
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Ele disse, por exemplo, que só disputaria a vaga de Bolsonaro se vencesse as prévias do PSDB – perdeu. Depois, que apoiaria João Doria, governador de São Paulo, que o havia derrotado – não apoiou. Em seguida, negou que trocaria de partido para candidatar-se este ano à presidência da República; é o que fará.
Com apenas 36 anos de idade, o ex-vereador e ex-prefeito de Pelotas aprendeu rapidamente a dar o dito pelo não dito e a ver a política como uma nuvem, que agora está de um jeito, e daqui a instantes de outro. Deixou-se encantar pela lábia do melhor CEO de partidos, Gilberto Kassab, presidente do PSD.
Kassab tinha um problema: Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que ele lançou como candidato do partido a presidente da República, desistiu. Na verdade, Pacheco jamais disse que seria candidato; só pensa em se reeleger presidente do Senado. O problema de Kassab será resolvido com a aquisição de Leite.
O PSD está repleto de bolsonaristas e de lulistas. Kassab precisa dispor de um candidato próprio para evitar que o partido se divida antes do tempo. Leite se prestará a esse papel, não porque seja seu amigo ou se preocupe com o destino do PSD, mas porque Kassab convenceu-o de que ele poderá se eleger.
Diz Kassab:
“Eduardo Leite tem condições, tem pré-requisitos para ser candidato, é jovem, é respeitado, já mostrou que tem vontade de ser presidente da República”
Disse Leite, ontem, no Rio Grande do Sul:
“Estamos conversando, sim, sobre criar uma alternativa com serenidade, com tranquilidade. Política se faz assumindo riscos, a gente não entra em aventura, mas a gente entende que são riscos que podem ser tomados. […] Se for de fato algo consistente e a gente tenha apoio para isso, tenho coragem de me colocar à disposição para apresentar um caminho alternativo”.
Enquanto Leite sonha em se tornar o candidato da terceira via, nem Lula, nem Bolsonaro, Kassab sonha com Lula presidente, e o PSD no governo. Por ora, Doria não sonha com nada. Mal nas pesquisas de intenção de voto, está condenado a ser candidato até o fim, para ganhar ou perder.