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Escancaradas as portas dos bordéis da política para quem paga caro

Bolsonaro sente-se atraído pelo PP de Nogueira, mas não despreza o PL. Abandonado, Jefferson convida Mourão a filiar-se ao PTB

atualizado

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Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O presidente Jair Bolsonaro “é a namorada da vez”, disse o ministro Ciro Nogueira (PP-PI), chefe da Casa Civil, em entrevista a Andréia Sadi, da Globo News. O passe de Bolsonaro está sendo disputado pelo partido de Ciro e pelo PL de Valdemar Costa Neto, preso, condenado e solto no caso do mensalão do PT.

Nogueira e Costa Neto namoram em época de eleições os candidatos a presidente da República que possam pagar caro por sua companhia. Os dois apoiaram Lula no passado, agora apoiam Bolsonaro, mas isso não quer dizer que não voltarão a apoiar Lula. Depende do que lhes for oferecido.

Para Nogueira, Lula foi “o maior presidente da história” e Bolsonaro, um fascista. Hoje, Nogueira compara Lula a um celular de 2002, ano em que ele se elegeu presidente pela primeira vez. “Ninguém compra um celular antigo”, diz. E se celular velho virar moda? Quanto a Bolsonaro, convenceu-se de que ele não é fascista.

Costa Neto não dá entrevistas, fala o mínimo possível, circula pouco e prefere as trevas à luz, como os morcegos. Mas é tão ou mais pragmático que o festeiro Nogueira. No PL, manda Costa Neto, e isso ninguém discute. Mandou até quando estava na Papuda, penitenciária de Brasília. Nogueira não manda sozinho no PP.

As bancadas dos dois partidos na Câmara se equivalem. Juntas, somam pouco mais de 80 deputados em um total de 513. Ter Bolsonaro como candidato a presidente significa mais dinheiro para eleger um maior número de deputados e senadores. Os governos estaduais importam menos.

Bolsonaro está com um pé dentro do PP de Nogueira e de Arthur Lira (AL), presidente da Câmara, e com o outro fora, o que dá esperança a Costa Neto. Mas se puser os dois no PP, Costa Neto não ficará desamparado. Lula gosta dele, sempre gostou. E não é de regatear. Os fundos partidário e eleitoral bancam as compras.

Na hora em que as vitrines da política costumam estar mais bem iluminadas para destacar o valor da mercadoria exposta, faltou luz no PTB de Roberto Jefferson, outro mensaleiro do PT que esperava atrair Bolsonaro. Preso há mais tempo do que imaginava, ele escreveu uma carta de rompimento com o presidente.

De rompimento ou de SOS. Nela, acusa Bolsonaro de ter tentado “uma convivência impossível entre o bem e o mal” por acreditar “nas facilidades do dinheiro público”, um “vício pior do que vício em êxtase”. Na mesma carta, dirigida ao partido, convidou o general Hamilton Mourão para ser candidato a presidente.

Além de preso doente, Jefferson sente-se abandonado. Acreditou que Bolsonaro pelo menos o ajudaria a ir para casa. Bolsonaro já não precisa mais dele.

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