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Entre a picanha de Lula e a bisteca que Bolsonaro subtraiu aos índios

Mais um negócio suspeito a ser investigado pela Polícia Federal

atualizado

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Montagem colorida com imagens de Lula e Bolsonaro datafolha filiação - Metrópoles
1 de 1 Montagem colorida com imagens de Lula e Bolsonaro datafolha filiação - Metrópoles - Foto: Reprodução

No final de agosto do ano passado, em entrevista ao Jornal Nacional, Lula falou em picanha pela primeira vez. Foi quando disse:

“O povo tem que voltar a comer um churrasquinho, a comer uma picanha e tomar uma cervejinha”.

Comer picanha, churrasquinho e tomar uma cervejinha passa pela redução do desemprego, o crescimento da economia, e mais dinheiro no bolso dos brasileiros pobres.

Não é algo que se torne possível com menos de cinco anos de governo. Mas é algo que se inclui entre suas promessas caso fosse eleito, como foi. Deverá ser cobrado a Lula em prazo razoável.

De Bolsonaro, que governou ou desgovernou o país por quatro anos, cobre-se tudo o que prometeu e não entregou. Por exemplo: toneladas de bisteca que comporiam as cestas básicas a ser enviadas ao Vale do Javari, no Alto Solimões (AM).

Ali habitam diferentes povos indígenas, como os marubos, matsés, matis, kanamari e kulina, uma população de pouco mais de 13 mil pessoas. É a região que apresenta a maior densidade de povos indígenas isolados no mundo.

Onde foram parar as 19 mil toneladas de bisteca compradas pelo governo para alimentá-los entre 2020 e 2022? Os contratos no valor de R$ 568,5 mil foram assinados pela Funai, antiga Fundação Nacional do Índio.

A bisteca seria dividida com os funcionários da Funai. Os indígenas não a receberam. Se os 32 servidores da Funai que se revezam por lá a tivessem recebido, teriam um quilo de bisteca no prato por dia, o ano inteiro.

“Nem tudo que constitui a cesta básica contempla uma alimentação específica desses indígenas. Era um desperdício, realmente, do dinheiro público”, admitiu Mislene Metchacuna Martins Mendes, atual diretora de administração e gestão da Funai, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

As cestas que efetivamente chegaram continham apenas produtos secos, como arroz, farinha e sabão.

O jornal investigou 5,5 mil compras de alimentos para terras indígenas em todo o país e constatou que, a pretexto da pandemia de Covid-19, metade foi feita sem licitação.

O dinheiro gasto chegou a empresas recém-criadas e não houve comprovação de entrega de lotes de cestas básicas completas. Ninguém do antigo governo quis comentar o assunto.

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