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Enfim, Bolsonaro rende-se ao Centrão para escapar ao isolamento

Chega de intermediário! Ciro Nogueira, presidente do PP, para ministro da Casa Civil, o segundo cargo mais importante do governo

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Geraldo Magela/Agência Senado
Senador Ciro Nogueira (PP-PI) em comissão no Senado. Ele aparece falando ao microfone e mexendo em papéis, de terno azul escuro - Metrópoles
1 de 1 Senador Ciro Nogueira (PP-PI) em comissão no Senado. Ele aparece falando ao microfone e mexendo em papéis, de terno azul escuro - Metrópoles - Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Antigamente, chamava-se de reforma ministerial a troca de uma vez de não menos do que quatro ou cinco nomes do primeiro escalão do governo. Ela costumava indicar não só uma renovação do governo, mas quase sempre uma mudança de rumo.

Estaria mais para uma dança de cadeiras do que para uma reforma digna desse nome, o que o presidente Bolsonaro pretende fazer com o general Luiz Eduardo Ramos e o deputado Onyx Lorenzoni (DEM), não fosse a entrada em cena do senador Ciro Nogueira.

Onyx é um ministro ioiô, Ramos está próximo disso. Candidato ao governo do seu Estado, o Rio Grande do Sul, Onyx foi chefe da Casa Civil, ministro da Cidadania e ministro da Secretaria Geral. O Ministério do Trabalho deverá ser recriado para abrigá-lo.

O militar que mais trabalhou para eleger Bolsonaro presidente, seu colega à época da Academia Militar das Agulhas Negras, Ramos foi ministro da Secretaria Geral, atualmente é chefe da Casa Civil, e à Secretaria Geral retornará em breve.

Nogueira é o que confere status de reforma ministerial ao movimento de Bolsonaro para sair do isolamento político em que se encontra. Mais que isso: para sair do canto ao qual foi encostado pelo crescimento de Lula nas pesquisas e a CPI da Covid-19.

Presidente do PP, o maior entre os partidos do Centrão, Nogueira sucederá Ramos na Casa Civil, o mais importante cargo do governo, só abaixo do de presidente, na vida real superior ao de vice, que só tem a seu favor a expectativa de chegar ao poder.

Do 4º andar do Palácio do Planalto, onde a Casa Civil funciona, Nogueira passará a contemplar tudo o que ocorre no 3º, território do presidente, e mais além na Esplanada dos Ministérios. Sem o seu conhecimento e concordância, nada acontece.

Exagero dizer que o dono da caneta, doravante, será Nogueira. Digamos que ele a compartilhará com Bolsonaro. Mas quem se negará a cumprir uma ordem dada por Nogueira? Quem terá coragem de conferir com Bolsonaro se a ordem é procedente?

A rendição de Bolsonaro ao Centrão vem com atraso. Durante a campanha, ele o hostilizou a ponto de o general Augusto Heleno, hoje ministro do Gabinete de Segurança Institucional, ter cantado: “Se chamar pega Centrão, não fica um, meu irmão…”

Uma vez eleito, Bolsonaro afirmou que só as “bancadas temáticas” indicariam ministros. Aí veio a pandemia com seus milhares de mortes, a demissão do ex-juiz Sérgio Moro, os atritos com o Congresso e a Justiça, a aparição de Lula, a CPI, e então…

Então, Bolsonaro vê ameaçada a pretensão de se reeleger. Se a eleição fosse hoje, a crer-se em todas as pesquisas conhecidas, ele seria derrotado por Lula ainda no primeiro turno, e no segundo pela maioria dos demais aspirantes a candidato. O que fazer?

Abraçar-se com o Centrão e deixar para lá o que Heleno cantou um dia.

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