É crime tentar matar alguém. Tentar matar a democracia também é
Zambelli e Bolsonaro pedem que lhes façam justiça
atualizado
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Os advogados encarregados da defesa da deputada Carla Zambelli (PL-SP) avisam que ela nunca foi e jamais seria a favor de golpes de Estado porque é uma democrata de quatro costados, e sempre será.
Nunca duvidei disso, nem mesmo quando ela, de arma na mão, no bairro chique dos Jardins, em São Paulo, em outubro de 2022, correu atrás de um homem negro com quem acabara de bater boca sobre política.
A certa altura da corrida, o revólver na mão de Zambelli disparou, mas foi sem querer. Ela jamais quis matar o homem, foi o que disse. Queria somente prendê-lo – nada mais justo, embora incomum.
Não é todo dia que vemos uma deputada, no meio da rua de uma grande cidade, correndo atrás de alguém apontando-lhe uma arma. Zambelli quis que um hacker famoso invadisse urnas eletrônicas.
Mas ela nega isso, como nega que tenha pedido ao então comandante da Aeronáutica que não abandonasse Bolsonaro, logo na hora em que Bolsonaro mais precisava de apoio para dar um golpe.
Quem contou foi o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior em depoimento à Polícia Federal. O diálogo travado pelos dois foi este, segundo o militar:
“Brigadeiro, o senhor não pode deixar o presidente Bolsonaro na mão”.
“Deputada, entendi o que a senhora está falando e não admito que proponha qualquer ilegalidade”.
Não é crime “falar sobre o que está previsto da Constituição”, insiste em repetir Bolsonaro. “Você pode discutir e debater tudo o que está na Constituição.” Só que golpe não está na Constituição.
Bolsonaro finge desconhecer que tentativa de homicídio é crime. Por que tentativa de golpe não seria? Se eu planejo matar alguém, posso ser preso, mas se eu planejo matar a democracia, não posso?
Faça-se justiça sem mais demora no caso dos dois – Zambelli e Bolsonaro. E no caso dos seus cúmplices.