E aí, Ciro Gomes? Paris à vista? Ou manobra para marcar posição?
O labirinto de quem já disputou e perdeu três eleições presidenciais
atualizado
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Como entender o gesto de Ciro Gomes de suspender sua pré-campanha a presidente depois que seu partido, o PDT, deu ao governo Bolsonaro os votos que faltavam para aprovar na Câmara, em primeiro turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que rompe o teto de gastos e dá calote em precatórios?
Ciro quer que, no segundo turno, o PDT vote contra. Ele sempre se opôs à PEC e combateu-a em sucessivos pronunciamentos. Estranho que não soubesse que parte da bancada do PDT votaria a favor. Estranho que seu irmão, Cid Gomes, avisado com antecedência, não o tenha informado a tempo.
Dos 24 deputados federais do PDT, 21 compareceram à sessão da Câmara. Dos 21, 15 votaram como o governo Bolsonaro queria, e 6 contra. Dos 15, cinco eram do PDT do Ceará, estado de Ciro. Dos 5, 4 votaram na contramão do que Ciro recomendou. “Foi um erro estratégico”, lamentou Carlos Lupi, presidente do partido.
Não foi. Foi ambição por mais dinheiro oferecido pelo governo para obras nos redutos eleitorais daqueles que respeitassem sua vontade. Se o PDT repetir os votos no segundo turno, marcado para a próxima terça-feira, o que Ciro fará? Dará o dito pelo não dito e retomará a campanha? Ou irá mais cedo para Paris?
Na eleição de 2018, para não ter que escolher entre Bolsonaro e Fernando Haddad no segundo turno, Ciro viajou a Paris. Paga até hoje o preço político por ter agido assim. Perdeu a confiança da esquerda e não ganhou a da direita. Nas pesquisas de intenção de voto, Lula o derrota com folga no Ceará.
A do ano que vem será a quarta eleição presidencial que Ciro disputará. Ou que disputaria.