Documento revela à CPI o que Pazuello e Queiroga esconderam
Sobre o uso de cloroquina e outras drogas ineficazes no tratamento de infectados pela Covid-19, inclusive crianças
atualizado
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Chegou às mãos dos senadores da CPI da Covid-19 um documento que é ouro puro. Tem como título: “Orientações do Ministério da Saúde para manuseio medicamentoso precoce de pacientes com diagnóstico da Covid-19”. É de setembro do ano passado, quando o ministério estava entregue ao general Eduardo Pazuello.
Faz 13 considerações iniciais para justificar o uso de cloroquina. Algumas delas:
Considerando que até o momento não existem evidências científicas robustas que possibilitem a indicação de terapia farmacológica específica para a COVID-19;
Considerando que alguns Estados, Municípios e hospitais da rede privada já estabeleceram protocolos próprios de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para tratamento da COVID-19;
Considerando a larga experiência do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento de outras doenças infecciosas e de doenças crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde, e que não existe, até o momento, outro tratamento eficaz disponível para a COVID-19;
Considerando que o Conselho Federal de Medicina recentemente propôs a consideração da prescrição de cloroquina e hidroxicloroquina pelos médicos, em condições excepcionais, mediante o livre consentimento esclarecido do paciente, para o tratamento da COVID-19;
Em seguida, na parte das recomendações, está escrito: “Em crianças, dar sempre prioridade ao uso de hidroxcloroquina pelo risco de toxicidade da cloroquina”.
Em depoimento à CPI, Pazuello jamais admitiu a existência desse documento, nem o uso de drogas ineficazes no tratamento de crianças. Tampouco seu sucessor, Marcelo Queiroga.
Quanto a Queiroga, o mais ensaboado dos ministros do governo, que só usa máscara quando está em público ou corre o risco de ser fotografado, seu nome consta ao pé do documento.
Ali são referidos 67 trabalhos supostamente científicos que sustentariam a prescrição da cloroquina e de outras drogas. O de número 39 diz assim: LOPES, Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga.
É o homem que obedeceu à ordem de Bolsonaro para suspender a vacinação de adolescentes e que em Nova Iorque, ontem, agradou ao chefe ao dar o dedo para manifestantes que o vaiaram.