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Ditadura, tortura e seus defensores civis e militares, nunca mais!

A eleição de outubro é sobre a democracia ameaçada

atualizado

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Orlando Brito
Bolsonaro e militares
1 de 1 Bolsonaro e militares - Foto: Orlando Brito

Nada, nada justifica a tortura e a morte de quem quer que seja por razão política; por razão nenhuma. Nada justifica uma tapa na cara, quanto mais tortura. Tapa e tortura inflingem dor e medo.

Quem autoriza sua aplicação? As leis não autorizam. A não ser que se ignorem as leis, o que só é possível em um regime assumido ou disfarçado de força bruta, como são as ditaduras.

O homem é um animal como qualquer outro. A única diferença é que ele pensa. Mesmo assim, as leis foram criadas para que os homens pudessem viver em sociedade, do contrário se matariam.

A invenção do Estado foi um momento de lucidez do ser humano, o maior predador do planeta. O que não o impede, justamente por isso, de se dedicar a destruir o meio ambiente que lhe deu a vida.

Jair Messias Bolsonaro não é apenas o pior presidente da história do Brasil, é também o presidente mais predador. Seu desamor por ele próprio o está levando a matar-se devagarinho, mas até aí…

Até aí seria problema dele. A eutanásia só é admitida em 9 países. Em um deles, a Suíça, o ator francês Alain Delon, doente, prepara-se para morrer. A decisão foi dele e deve ser respeitada.

Aqui, a pandemia foi o mais notável exemplo do desprezo de Bolsonaro pela vida alheia, a de milhares de brasileiros vítimas do vírus, ao qual ele concedeu passe livre para que matasse

Bolsonaro aposta na fraqueza da memória coletiva para ser perdoado. Paralelamente, faz questão de lembrar que, além de assassino, foi conivente com tortura e mortes durante a ditadura.

Se não se rebela, filho de peixe peixinho é. Se o pai exalta a memória do torturador Brilhante Ulstra, o filho Eduardo exalta a tortura infringida à jornalista Míriam Leitão nos anos de 1970.

O desejo de todo criminoso é que seus crimes fiquem impunes e acabem esquecidos. A anistia aos “crimes de sangue” foi decretada pelo regime militar para que seus agentes escapassem impunes.

A tortura e a morte foram uma política de Estado, aprovada pelos generais que presidiram o país à época, e não somente tolerada por eles. Todos sabiam que ela estava em prática, embora a negassem.

Se os mais graduados chefes militares de hoje ouvem calados as manifestações de um presidente que almeja reconstruir o Estado Autoritário de triste memória, é porque com ele estão de acordo.

Se se deixam usar por um ex-capitão afastado do Exército nos anos 1980 é porque são cúmplices dele. Não é sobre indisciplina que se trata, é sobre vocação para ditadores, amor a ditaduras.

As Forças Armadas fingem que mudaram, mas não mudaram. Sua formação não mudou. Os recrutas seguem sendo ensinados que os militares em 64 salvaram o país do comunismo e da inflação.

Em 1963, a inflação sob o governo de João Goulart foi de 80% ao ano. O general João Figueiredo, o último presidente da ditadura, legou uma inflação que em 1984 batera na casa dos 215%.

Comunismo como ameaça planetária à democracia não há mais, nem mesmo na China que se diz comunista. Por lá, o capitalismo vai muito bem, obrigado, porém em um regime de partido único.

Quem ameaça a democracia no Brasil é Bolsonaro e também todos os que o apoiam.  A próxima eleição deveria ser sobre isso.

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