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Diretor do Ipespe alerta: “Pesquisa boca de urna fake à vista”

Para Antonio Lavareda, diretor do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas, o que esperar a 6 dias das eleições

atualizado

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1 de 1 fake news - Foto: Constantine Johnny/ Getty Images

Diretor-presidente do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), Antonio Lavareda disse o que os brasileiros devem esperar a uma semana das eleições. Sobre as pesquisas ressaltou que “não devemos assistir a nenhum movimento dramático das curvas dos candidatos”. Afirmou ainda que a onda de declarações de apoio a Lula deve continuar esta semana e alertou que, “muito provavelmente, a máquina de desinformação vai gerar confusão no dia da eleição”. Veja outras declarações de Lavareda ao Blog do Noblat.

Blog do Noblat – Última semana: o que poderemos ainda ver nas pesquisas?

Lavareda – Não devemos assistir a nenhum movimento dramático das curvas dos candidatos. Como já tive oportunidade de observar, analisando no sábado passado a pesquisa Ipespe/Abrapel, estão cristalizados os fundamentos que embasam afetiva e cognitivamente, as preferências dos dois principais candidatos. Então, salvo um “repique” dos nomes da terceira via no pós debate da Globo, ou uma bomba imprevisível de muitos megatons, não há no radar mudanças expressivas.

Blog do Noblat – E o voto útil, ele pode mudar o quadro?

Lavareda – A onda de declarações de apoio a Lula deve continuar esta semana. Como comentei aqui há quinze dias, esse é o melhor caminho para um candidato, sem cortejar diretamente os eleitores dos concorrentes com menor chance. E assim não estimulando e  legitimando as “bordoadas” que recebe deles. Caso Simone e Ciro não voltem a ganhar musculatura na quinta-feira à noite, esse movimento, mais  o “Vira Virou” dos artistas, aumenta a chance da eleição ser resolvida no próximo domingo. Aliás, a pesquisa também mostrou que sete em cada dez eleitores querem ver tudo decidido já no primeiro turno. Isso poderá  antecipar para o ex-presidente parte dos 8 pontos percentuais que ele só teria hoje no segundo turno. Nesse levantamento, ele chegou a  46% no turno inicial e a 54% no segundo. Então, um movimento de parte desses oito por cento, no total estamos falando de cerca de doze milhões e meio de eleitores, poderá  definir a sorte da disputa.

Blog do Noblat – E Bolsonaro, não teria  voto útil também para ele?

Lavareda – Não é impossível, porém é mais difícil. Há 3% do eleitorado que atualmente votam nele apenas no segundo turno (ele pontua 35% no primeiro e 38% no segundo). Esse grupo, embora não acredite  que Bolsonaro esteja muito atrás de Lula, não chega contudo a acreditar que ele possa vencer no primeiro turno. Daí que ele tem mais chance de continuar com suas preferências atuais. Ele reúne 43% dos eleitores de Simone ( outros 51% dela preferem Lula), e 21% dos que votam em Ciro ( outros 51% dele preferem Lula).

Blog do Noblat – As pesquisas dos institutos mais conhecidos trazem nessa reta final resultados  assemelhados, com uma dianteira de Lula sobre Bolsonaro entre dez e dezesseis pontos, mas há também na praça  algumas bem diferentes.

Lavareda – É verdade. Há pesquisas que destoam bastante, algumas dando empate técnico e uma até mostrando Bolsonaro à frente. Por certo, deve-se admitir a ocorrência de problemas metodológicos. Um deles, recorrente, sendo a não utilização da variável de controle “recall da eleição passada”. Que serve para  se avaliar,  além da representação dos demográficos, a representatividade político ideológica da amostra. Esse quesito está  presente em todas as pesquisas eleitorais americanas ou europeias. Sem ele não se pode saber, por exemplo, se no conjunto dos entrevistados houve um viés de maior presença  lulista ou bolsonarista nos entrevistados.

Blog do Noblat – Algum outro problema ?

Lavareda – Há sim. Afora problemas técnicos, há um outro muito mais sério que tive oportunidade de apontar desde maio desse ano, palestrando em um um seminário da Abep para jornalistas, que é o das Pesquisas Fake. Elas aparecem todas  as semanas, auto custeadas, “órfãs”, com questionários esquisitos, e resultados muitos discrepantes dos institutos que têm tradição nesse mercado, aqueles cuja performance pode ser avaliada  pelo desempenho em eleições passadas. São pesquisas, de fato, “mal assombradas”. A sociedade deve estar atenta. O TSE especialmente. Muito provavelmente essa máquina de desinformação vai gerar confusão no dia da eleição. Pesquisas fake de “Boca de Urna ”, que terão um propósito claro. Difundidas   maciçamente nas redes sociais no fim da tarde do domingo, mesmo sem registro no Tribunal, seus números  servirão de combustível para turbinar e legitimar a  eventual insatisfação dos radicais com os resultados oficiais divulgados  à noite.

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