Diário das vergonhas que passa o Brasil com Bolsonaro em NY
Hoje haverá mais, pode apostar
atualizado
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Domingo, 19/9, à noite
* Sem máscara, o presidente Jair Bolsonaro desembarca na cidade para falar em nome do Brasil na abertura da 76ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira.
* Para não ser hostilizado por manifestantes reunidos em frente ao hotel onde ocupa uma suíte cuja diária vai de 6 mil a 10 mil reais, ele entra pela porta dos fundos.
* Por não ter se vacinado contra a Covid-19, é visto poucas horas depois comendo um pedaço de pizza na calçada de uma rua próxima ao hotel.
Segunda-feira, 20/9, de manhã
* Bolsonaro reúne-se com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, na residência oficial do cônsul-geral do Reino Unido. Ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que o acompanha, o general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria do Governo, havia recomendado: “Ponha o pau na mesa”.
Quis dizer: aperte Boris para que seu governo forneça mais vacinas ao Brasil. Não se sabe se Queiroga atendeu ao conselho. Sabe-se que o primeiro-ministro perguntou a Bolsonaro se ele vacinara. Bolsonaro respondeu: “Ainda não”. Em seguida, comentou: “Eu já tive Covid. Sou um homem que vivo no meio do povo”.
Boris já teve Covid, quase morreu, vacinou-se duas vezes e também vive no meio do povo. Aos jornalistas que presenciaram a cena, e indiretamente a Bolsonaro, Boris prescreve: “Vacinem-se, vacinem-se. A AstraZeneca é uma vacina excelente”. A AstraZeneca foi desenvolvida pela Universidade de Oxford.
* O prefeito de Nova York, Bill De Blasio, do Partido Democrata, divulga nota em que afirma:
“Precisamos mandar uma mensagem a todos os líderes mundiais, especialmente a Bolsonaro, do Brasil, de que se você pretende vir aqui, você precisa ser vacinado. E se você não quer ser vacinado, nem venha, porque todos devem estar seguros juntos. Isso significa que todo mundo deve estar vacinado”.
Segunda-feira, à tarde
* Como não pode frequentar locais fechados porque não usa máscara nem foi vacinado, Bolsonaro e sua comitiva almoçam isolados em um puxadinho ao ar livre especialmente montado para eles em uma churrascaria que serve carnes do Brasil.
* Um diplomata que integra a comitiva de Bolsonaro testa positivo para a Covid-19. Seu nome não foi revelado. Está isolado em um quarto de hotel até que seja submetido a outro teste. Pessoas que tiveram contato com ele estão sendo rastreadas. São cerca de 30, entre brasileiros e estrangeiros.
* O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o Zero Três, é vaiado quando fazia compras na Apple Store da 5ª Avenida, uma das lojas mais famosas do mundo.
Segunda-feira, à noite
* Um caminhão com três telões circula pelas ruas exibindo mensagens como “Bolsonaro is burning the Amazon” (Bolsonaro está queimando a Amazônia), “Jail Bolsonaro” (Prendam Bolsonaro), “Amazon or Bolsonaro” (Amazônia ou Bolsonaro) e “Bolsonaro, climate criminal” (Bolsonaro, criminoso climático).
* Manifestantes gritam insultos contra Bolsonaro à chegada dele para um jantar oficial na residência do embaixador do Brasil junto à ONU. Bolsonaro sorri e faz um gesto de “abafa” com a mão, como se pedisse que baixassem o tom. Usando um tambor, o grupo grita: “Bolsonaro, pode esperar, a sua hora vai chegar, genocida”.
* À saída do jantar, de dentro de uma Van, ao passar por manifestantes, o ministro da Saúde levanta do assento e faz o gesto obsceno de mostrar o dedo médio. Usa máscara.
* Dali a instantes, no hotel, Bolsonaro posta no Facebook o vídeo que gravou à saída do jantar onde diz: “Meia dúzia de acéfalos protesta contra Jair Bolsonaro para delírio de parte da imprensa brasileira”. E mais: “Esse bando nem sabe o que está falando ali. Deviam estar num país socialista, não aqui nos EUA”.
* Perto da meia-noite, o tal caminhão com três telões está há pouca distância do hotel de onde Bolsonaro, insone, dispara instruções para seus devotos no Brasil.