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Destino do ministro da Educação será o mesmo de “Wal do Açaí”

Milton Ribeiro, pastor evangélico, espera ser recompensado por ter feito apenas o que Bolsonaro mandou

atualizado

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pator gilmar santos ao lado do ministro da educação milton ribeiro
1 de 1 pator gilmar santos ao lado do ministro da educação milton ribeiro - Foto: Reprodução/Instagram

Bolsonaro confessou, em live no Faceboook, que Walderice Santos da Conceição, a “Wal do Açaí”, lotada no gabinete dele na época em que ele era deputado federal, nunca esteve de fato em Brasília como ela mesma admitiu ao Ministério Público Federal. Bolsonaro disse que a ex-funcionária tomou posse no cargo “por procuração”.

Diz o regimento interno da Câmara dos Deputados que o ocupante do cargo de secretário parlamentar precisa trabalhar, no mínimo, 40 horas semanais no gabinete do parlamentar em Brasília, ou no escritório do parlamentar no estado onde foi eleito – o que não ocorria com Wal, amiga direta da família Bolsonaro .

Wal é investigada desde que a Folha de S. Paulo, em 2018, descobriu que ela continuava vendendo açaí numa praia de Angra dos Reis, no Rio, justamente no horário do expediente como funcionária de Bolsonaro em Brasília. Mas funcionário fantasma não bate ponto, como se sabe; e, se bate, não trabalha.

Ela dizia trabalhar no Rio, embora desde 2003 constasse da lista dos 14 funcionários do gabinete de Bolsonaro, com salário de 1.300 reais. Como a notícia publicada pela Folha repercutiu, Wal pediu demissão do cargo, orientada pelo ex-patrão. Foi assim que aconteceu também com Fabrício Queiroz, operador da rachadinha.

Por que o ministro Milton Ribeiro, da Educação, não segue o exemplo de Wal e Queiroz? Talvez espere ser recompensado pelo desgaste de ter cedido a senha do cofre do ministério aos dois pastores evangélicos que cobravam propinas para liberar dinheiro público. Segundo Ribeiro, Bolsonaro protegia um deles.

Uma compensação foi dada a Abraham Weintraub, o ministro que aconselhou Bolsonaro a prender os 11 ministros “vagabundos” do Supremo Tribunal Federal. Para que ele pedisse demissão e fugisse do país escapando de ser preso, Bolsonaro presenteou-o com um cargo de diretor no Banco Mundial, em Washington.

A vida não está fácil pra ninguém, muito menos para os servidores mais devotados ao presidente da República. Fácil só está para ele, que controla os órgãos de controle do Estado, evitando ser alvo de investigações ou de processos. Há mais de 130 pedidos de impeachment contra ele na Câmara, mas nenhum foi aberto.

O Centrão não deixa abrir. Ganhou cargos no governo e uma fatia secreta do bilionário Orçamento da União para impedir que Bolsonaro fosse punido pelos crimes que cometeu antes e depois de se eleger – da rachadinha à campanha contra as vacinas, dos atos hostis à democracia à distribuição de notícias falsas.

O rosário de crimes é interminável, mas há um Brasil que não julga isso suficiente para abandonar Bolsonaro. Ou porque não acredita no que vê, ou porque simplesmente fecha os olhos para não ver, ou porque considera tudo muito natural. Foi pior no tempo do PT, ou não foi? Político é ladrão. O Mito, às vezes, exagera.

Pesquisa Datafolha mostra que parte do Brasil que procurava um candidato nem Bolsonaro, nem Lula, escuta o toque do berrante e começa a dar meia-volta, perfilando-se ao ex-capitão excluído do Exército por ter sido um mau militar, segundo o general Ernesto Geisel, o terceiro presidente da ditadura de 1964.

A Argentina celebrou, ontem, o Dia da Memória. Desde 2006, o país condenou 1.058 agentes da ditadura acusados de torturas e assassinatos. Já o Brasil, presidido por um defensor da ditadura, de torturas e de assassinatos, prepara-se para celebrar o Carnaval adiado pela pandemia. Evoé, Moro!

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