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Desta vez, Bolsonaro não atirou no próprio pé, mas no peito

Presidente da República algum humilhou tanto o Brasil quanto ele

atualizado

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Bolsonaro com embaixadores
1 de 1 Bolsonaro com embaixadores - Foto: Reprodução

Lembra-se de quem saiu ontem em defesa da reunião de Bolsonaro com mais de 40 embaixadores estrangeiros, onde ele tentou desacreditar o sistema eleitoral do Brasil, atacou ministros do Supremo Tribunal Federal e repetiu notícias falsas?

Não lembra? Na verdade, ninguém saiu em defesa da reunião nem do que Bolsonaro disse. Os filhos zero dele não saíram. O PL, que no próximo domingo o lançará candidato à reeleição, não saiu. Os demais partidos que apoiam Bolsonaro, tampouco.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de quem depende a abertura de impeachment contra Bolsonaro, calou-se. O silêncio de Lira não é de reprovação, mas de apoio. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), criticou Bolsonaro.

Sem frestas, coisa rara, o Poder Judiciário se opôs ao que Bolsonaro fez e falou. O Ministério Público, idem, assim como a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal e a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais.

Vinte e um subprocuradores da República disseram que o cargo não dá ao Presidente da República o direito de mentir e nem de, impunimente, atacar as instituições. Segundo eles, atentar contra as eleições configura diversos crimes que devem ser apurados.

Mais de 40 procuradores de todos os 26 estados e do Distrito Federal pediram que o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, apure os ataques, sem provas, de Bolsonaro contra o sistema eleitoral, porque a intenção dele é desqualificá-lo – e o que mais?

Aras está de férias. Quando voltar, sabe o que fará? Nada. Ele nunca faz nada que magoe Bolsonaro. Acredita que Bolsonaro, apesar dos desgastes, ainda poderá se reeleger em outubro, e espera ser recompensado com uma vaga de ministro do Supremo.

Em nota emitida por sua embaixada em Brasília, o governo dos Estados Unidos afirmou que as eleições brasileiras são um modelo para o mundo, e que o Brasil “tem um forte histórico de eleições livres e justas, com transparência e altos níveis de participação”.

Os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, convidados a participar da reunião de Bolsonaro com os embaixadores, não compareceram. Salvaram-se do desastre, sugerindo que há limites que não querem ultrapassar.

Para desespero dos políticos que fazem parte da coordenação da campanha de Bolsonaro, foi péssima a repercussão do episódio nas redes sociais. Os bolsonaristas, ali, pouco se manifestaram, e a oposição deitou e rolou. Era mais do que previsível.

A pergunta que fica sem resposta é: por que Bolsonaro ignorou a advertência de que só teria a perder com o que fez? Afinal, nada de parecido aconteceu até hoje em parte alguma – um presidente informar ao mundo que as eleições em seu país são fraudulentas.

Figuras mais ou menos próximas dele especulam que Bolsonaro quis chamar a Justiça para a briga, desafiando-a a puni-lo com a cassação de sua candidatura. Assim, sairia de mártir aos olhos dos seus devotos e eles estariam à vontade para se rebelar.

O passo seguinte seria: negar-se a transferir o cargo ao seu sucessor se para tal contasse com apoio militar; ou no último minuto, abandonar o Palácio do Planalto pelas portas dos fundos. Enganou-se com Bolsonaro em 2018 quem quis ser enganado.

Um deputado do baixíssimo clero da Câmara jamais teria condições de governar um país tão complexo como o Brasil. Não foi por falta de aviso.

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