Deixem o Bolsonaro em paz. Não lhe peçam o que ele não pode dar
Ele é o que sempre foi, e não vai mudar
atualizado
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Bolsonaro vai às compras em supermercado de Orlando, cidade onde se refugiou desde que abandonou o Brasil em 30 de dezembro para não passar a faixa a Lula; e, segundo se desconfia, para que não o ligassem ao golpe fracassado de 8 de janeiro.
Bolsonaro está praticamente recluso na casa que lhe foi emprestada por um lutador brasileiro de MMA. Ali, não recebe ninguém. Vez por outra é visto na porta da casa posando para fotos com brasileiros que moram no mesmo condomínio, e o admiram.
Bolsonaro saiu outro dia na companhia de um dos filhos para visitar o departamento de polícia de Oklahoma. Quando presidente, em uma de suas viagens aos Estados Unidos, visitou a sede da CIA, agência de espionagem, não se sabe para quê.
Bolsonaro foi fotografado ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), do ex-ministro do Turismo Gilson Machado – o sanfoneiro desafinado –, e de Tércio Arnaud Thomaz, ex-assessor e um dos integrantes do chamado “gabinete do ódio”.
Bolsonaro, ontem, apareceu em uma live com o cantor sertanejo Rick, da dupla com Renner, e o ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães, investigado por assédio sexual e moral de funcionários do banco público. Bolsonaro permaneceu de cara amarrada.
No Brasil, políticos de peso, desnorteados com a ausência dele, reclamam da agenda “irrelevante” de Bolsonaro nos Estados Unidos. Dizem que ele se deixa influenciar em excesso pelo grupo que o cerca por lá, formado por auxiliares sem experiência política.
Tolice! Desde quando Bolsonaro destacou-se por cumprir uma agenda de compromissos relevantes em viagens ao exterior? Viajou pouco. E em eventos internacionais obrigatórios, quase sempre se manteve isolado ou acabou isolado pelos demais chefes de Estado.
Não há notícias de visitas a museus, teatros e shows musicais. Não pôs os pés em universidades de prestígio por falta de convite. Comeu um pedaço de pizza em uma rua de Nova Iorque. Discursou para seus seguidores, em Londres, no funeral da rainha Elisabeth.
Não seria agora, derrotado para sua amargura, sem direito a foro especial, investigado em dezenas de processos, e com medo de ser preso caso volte ao Brasil, que Bolsonaro se comportará de maneira diferente. Ele é o que sempre foi. Deixem-no em paz.