Defesa de Pazuello é considerada um deboche por seus colegas
A peça remetida pelo ex-ministro da Saúde ao comandante do Exército reúne argumentos que não resistem a um sopro
atualizado
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Generais de boa cabeça, da ativa e da reserva, qualificaram de deboche a peça de defesa do seu colega Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, remetida, ontem, ao Comando do Exército, onde ele explica por que compareceu à manifestação política e partidária encabeçada no Rio pelo presidente Jair Bolsonaro.
Pazuello teve o desplante de dizer na peça que a manifestação não teve caráter político e partidário pelo simples fato de Bolsonaro não estar filiado a nenhum partido. Piada pronta, sem graça e nem imaginação! O cargo eletivo é político. Presidente da República, filiado ou não a alguma sigla, faz política o tempo todo.
Bolsonaro não foi ao Rio liderar um passeio de milhares de motociclistas só pelo gosto de rever as belezas da cidade, ou para relaxar. Foi para reforçar o apoio político que eles lhe dão, para, em meio à CPI da Covid-19 que tanto o atormenta, dar uma demonstração de força e recuperar a popularidade que se esvai.
Do alto de um carro de som no Aterro do Flamengo, fez naturalmente um discurso político. E estimulou Pazuello a fazer o seu. Não seria desapreço do general pelo ex-capitão se ele tivesse se negado a comparecer ao ato – ou, comparecendo, não tivesse subido no carro de som e falado, observando tudo à distância.
Mas esse foi outro argumento usado por Pazuello em sua defesa. O mais estúpido deles, porém, foi alegar que não poderia desobedecer a uma ordem do Comandante Supremo das Forças Armadas, como Bolsonaro quer ser chamado. Desrespeitar o Regulamento Disciplinar do Exército pareceu mais conveniente.
Está-se à espera de uma decisão do comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, sobre a punição a ser aplicada a Pazuello. A mais leve é uma advertência; é também a mais provável.