Decisão de Rosa atinge o Centrão. Mexeu com ele, mexe com Bolsonaro
Em xeque, o orçamento secreto da União manejado por Arthur Lira, presidente da Câmara
atualizado
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Para o presidente Jair Bolsonaro talvez não faça grande diferença a decisão da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, de suspender as emendas parlamentares que são pagas a deputados e senadores e controladas diretamente pelo relator-geral da lei do Orçamento da União para o ano eleitoral de 2022.
Se isso for um empecilho para que siga adiante a proposta de emenda à Constituição (PEC) que desrespeita a Lei do Teto de Gastos e aplica um calote em dívidas judiciais vencidas (precatórios), Bolsonaro enviará outra ao Congresso para garantir o pagamento de R$ 400 mensais aos brasileiros mais pobres atingidos pela Covid-19.
Fará diferença, sim, para o Centrão, que contava com a aprovação da PEC original para financiar suas campanhas no ano que vem. Para financiar a própria, Bolsonaro dará um jeito, por dentro ou por fora. Antes da aprovação da PEC na Câmara em primeiro turno, o governo liberou R$ 1 bilhão em emendas dessa natureza.
Um voto chegou a custar algo como R$ 15 milhões. Era o tal do orçamento secreto, manejado por um preposto do deputado Arthur Lira (PP-AL), o todo poderoso presidente da Câmara. Esses recursos, segundo Rosa, criam “um grupo privilegiado de parlamentares” e poderão ser destinados a suas bases eleitorais.
“Não há como saber quem são, de fato, os deputados federais e senadores desse grupo incógnito, pois a programação orçamentária utilizada para esse fim identifica apenas a figura do relator-geral”, escreveu Rosa em sua sentença que deverá ser analisada na próxima semana por seus colegas de tribunal.
O texto-base da PEC foi aprovado em primeiro turno por 312 votos a 144, apenas quatro a mais do que o necessário (308). Lira marcou para a próxima terça-feira a votação em segundo turno. Rosa quer que desde já o Congresso torne pública a lista dos parlamentares e o dinheiro que receberam a título de pagamento de emendas.
Bolsonaro é refém do Centrão para governar, escapar do impeachment e tentar se reeleger. Mexeu com os interesses do Centrão, mexeu com os interesses dele.