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De volta ao futuro – golpe na Bolívia e debate presidencial nos EUA

A História, quando se repete, é como farsa

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Gaston Brito Miserocchi/Getty Images
Imagem colorida de exército concentrado durante tentativa de golpe na Bolívia
1 de 1 Imagem colorida de exército concentrado durante tentativa de golpe na Bolívia - Foto: Gaston Brito Miserocchi/Getty Images

Quem nunca viu como se dava antigamente um golpe de Estado com o emprego de forças militares, pôde ver ontem, a cores, com transmissão ao vivo pela televisão, no país campeão mundial em derrubada de presidentes eleitos pelo voto popular.

A Bolívia tem 193 golpes ou tentativas de golpe de Estado em sua história. Hoje foi a de número 194 e desta vez deu errado”, celebrou Maurício Santoro, cientista político e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil”.

Não foi um caso isolado no momento que a América Latina atravessa. Na Guatemala, este ano, houve uma tentativa de impedir a posse do presidente Bernardo Arévalo. E no Brasil, em 8 de janeiro de 2023, tentou-se depor Lula, recém-empossado.

A televisão ainda engatinhava por aqui quando o golpe militar de 64, esse com direito ao uso de tanques e tudo, derrubou o governo do presidente João Goulart e instalou no seu lugar uma ditadura que se estenderia por 21 anos, torturando e matando pessoas.

Militares sem farda participaram da tentativa fracassada do golpe de 8 de janeiro, e alguns estão presos. Outros a observaram de perto para só aderir se fosse bem-sucedida. O ex-presidente Jair Bolsonaro assistiu-a de longe, refugiado nos Estados Unidos.

Homicídio é crime, mas tentativa de homicídio também o é. Ocorre o mesmo quando se tenta ou se consuma um golpe de Estado. Nesse caso, porém, há uma diferença: se o golpe dá certo, à luz da nova ordem que se implanta, os golpistas não são punidos.

Os golpistas de 64 foram festejados nas ruas e se beneficiaram depois da Lei da Anistia que permitiu a volta dos políticos exilados ou banidos. Na Argentina, não. Com o restabelecimento da democracia, golpistas de alta patente foram condenados e presos.

Após um período de esplendor na maioria dos países ocidentais que teve início com o fim da Segunda Guerra Mundial, a democracia enfrenta o avanço infernal da aliança entre a direita, antes dita civilizada, com a extrema-direita que a engoliu.

Donald Trump, derrotado há quatro anos pelo democrata Joe Biden, é a estrela mais brilhante dessa aliança. Os dois, hoje à noite, estarão face a face no primeiro debate da eleição marcada para novembro próximo. Haverá um segundo debate.

Debates presidenciais, na maioria das vezes, pouco influenciam o resultado das eleições. O primeiro e mais famoso deles até aqui, transmitido pelos meios de difusão da época, foi o que reuniu em 1960 o democrata John Kennedy e o republicano Richard Nixon.

Kennedy era um boa pinta, Nixon, um antipático. Kennedy dava-se bem com as câmeras de televisão, Nixon suava e estava mal maquiado. Quem viu o debate pela televisão apontou a vitória de Kennedy. Quem ouviu pelo rádio, apontou a vitória de Nixon.

Abertas as urnas ao final da campanha, Kennedy se elegeu com 113 mil votos de vantagem sobre Nixon, ou 0,1% do voto popular, e com 313 votos contra 219 no Colégio Eleitoral. Em 2022, Lula venceu Bolsonaro com 2,3 milhões de votos de vantagem.

Boa diversão, esta noite. Tomara que Trump se dê mal e que Biden se saia bem. Quanto ao general, líder da tentativa de golpe na Bolívia e demitido do comando do Exército, que repouse com seus demônios na cadeia por longos e longos anos. Merece.

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