Dá-se como normal a baderna dos golpistas tolerada pelos militares
Bolsonaristas continuam chegando em Brasília para manifestação amanhã
atualizado
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Pode ser tudo, menos normal, cinco homens armados, bolsonaristas, intimidarem Dom Vicente Ferreira, bispo auxiliar de Belo Horizonte. Aconteceu, ontem, na cidade mineira de Moeda.
O bispo é conhecido por criticar o governo Bolsonaro e lutar pelas famílias vítimas da tragédia de Brumadinho. O estouro da barragem matou 270 pessoas, e quatro continuam desaparecidas.
A menos de 15 dias do segundo turno, Dom Odilo Pedro Scherer, cardeal de São Paulo, viu-se obrigado a responder a críticas de bolsonaristas nas redes sociais que o acusaram de esquerdista:
“A fé em Deus permanece depois das eleições; assim, os valores morais, a justiça, a fraternidade, a amizade, a família. Vale a pena colocar tudo isso em risco no caldo da briga política?”
Estranharam a cor vermelha de suas vestes, associando-a ao comunismo. Dom Scherer explicou:
“Se alguém estranha minha roupa vermelha, saiba que a cor dos cardeais é o vermelho (sangue), simbolizando o amor à igreja e prontidão ao martírio, se preciso for. Deus abençoe a todos”.
Uma mulher bolsonarista perseguiu no fim de semana em Nova Iorque o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, que está por lá para participar de um seminário.
“Olha quem está por aqui”, disse a mulher que passou a seguir o ministro. “Vamos ganhar essa luta. Cuidado, o povo brasileiro é maior do que a Suprema Corte. Você não vai ganhar nosso país”.
No último dia 3, Barroso precisou interromper um jantar em Porto Belo, litoral norte de Santa Catarina, porque foi reconhecido por um grupo de bolsonaristas que começou a hostilizá-lo.
O silêncio de Bolsonaro sobre os resultados das eleições e o tratamento cúmplice dado pelas Forças Armadas a bolsonaristas sublevados são responsáveis por episódios como esses.
Nota assinada pelos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica nada disse sobre as mensagens de conteúdo subversivo dos bolsonaristas que gritam em frente aos quartéis.
Eles pedem que as eleições sejam anuladas, embora a auditoria militar feita nas urnas eletrônicas não tenha comprovado uma única irregularidade. Ainda há pontos de bloqueio em rodovias.
Ônibus e caminhões chegam em Brasília para um ato que ocorrerá amanhã na Esplanada dos Ministérios. O ministro Alexandre de Moraes quer saber quem financia o movimento.
Os militares fazem de conta que não sabem. Bolsonaro segue sem trabalhar. Isso tem tudo para acabar muito mal. Ou pior: estender-se até à posse do presidente eleito em 1º de janeiro.