metropoles.com

Corrupção emporcalha imagem do governo mais honesto da história

Mas o chefe da Casa Civil tem outro nome para explicar isso

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Isac Nóbrega/PR
***04/08/2021 Cerimônia de posse do senhor Ciro Nogueira, Ministro
1 de 1 ***04/08/2021 Cerimônia de posse do senhor Ciro Nogueira, Ministro - Foto: Isac Nóbrega/PR

Você já deve ter ouvido falar sobre os pastores evangélicos recomendados por Bolsonaro que cobravam propinas a prefeitos em troca de acesso às verbas do bilionário Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. O escândalo recém-descoberto derrubou o quinto ministro da Educação em três anos de governo.

O que talvez você não tenha ouvido falar é que escândalo desse tipo ou parecido é chamado de “corrupção virtual” pelo ministro Ciro Nogueira (PP-PI), atual chefe da Casa Civil da presidência da República, que se apresenta como o “amortecedor” de tensões dentro e fora do governo. Palavras também servem para enganar.

Sessões virtuais tornaram-se comuns no Congresso e nos tribunais desde que a pandemia da Covid-19 instalou-se por aqui com passe livre concedido pelo governo da “gripezinha” e da cloroquina. Debates virtuais, também, e pela mesma razão. Corrupção virtual é novidade, fruto da imaginação profícua de Nogueira.

Teria sido o caso de perguntar a ele se não passou apenas de virtual a acusação que lhe fez a Polícia Federal de ter cometido os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro porque é suspeito de ter recebido propina do grupo JBS em troca do apoio para a reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014.

Nogueira diz não acreditar que o escândalo dos pastores no Ministério da Educação vá atrapalhar o discurso anticorrupção do governo. Por que não vai? Porque “não houve corrupção”, simples assim. “É uma corrupção virtual”, ele insiste. “Existem as narrativas, mas o que foi desviado de lá? Não foi pago nada”.

Pena que Nogueira não tenha tido antes a ideia de batizar de corrupção virtual a negociata no Ministério da Saúde para a compra a preço superfaturado da vacina Covaxin contra a Covid-19. Uma vez descoberto o caso, a licitação foi suspensa e o governo desistiu da compra. Certamente foi outra narrativa.

Para desqualificar um fato incômodo, nada melhor do que tratá-lo como se narrativa fosse, engendrada por adversários Fato deixou de ser fato. Foi suplantado por opinião, e cada um pode ter a sua em nome da liberdade de expressão. O Tribunal de Contas da União suspendeu a compra de 3.850 ônibus escolares.

Havia sobrepreço em jogo. No mercado, o ônibus era mais barato. O tribunal não julgou que isso fosse uma narrativa só para desgastar a imagem do governo. Nem um episódio a mais  de corrupção virtual. Pode ter sido outro episódio de corrupção abortada, mas isso Nogueira não admitirá nunca.

Não admitirá que foi corrupção a aquisição de centenas de kits de robótica por R$ 26 milhões para cidades alagoanas, redutos de votos do seu colega de partido, Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados. O governo pagou R$ 14 mil por unidade. No mercado, os melhores kits não chegam a custar R$ 10 mil.

E assim caminha o governo do presidente mais honesto da história do país.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comBlog do Noblat

Você quer ficar por dentro da coluna Blog do Noblat e receber notificações em tempo real?