Coração de Tarcísio de Freitas bate cada vez mais forte por Bolsonaro
Em questão, o uso de câmeras corporais pela Polícia Militar de São Paulo
atualizado
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O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal, estendeu a mão ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para salvá-lo da encrenca em que se meteu no caso do uso pelos policiais de câmeras acopladas à farda que filmam em tempo real todas as suas ações.
Ao contrário de outros estados, em São Paulo o policial militar poderá ligar e desligar a câmera quando quiser. A decisão de Tarcísio pegou muito mal junto à opinião pública. Está provado que o uso contínuo da câmera reduz o número de mortos inocentes e protege os bons policiais contra falsas acusações.
Barroso determinou que o governo de São Paulo siga as diretrizes do governo Lula para o uso das câmeras. O Ministério da Justiça deixou a cargo dos governos estaduais a definição do modelo de gravação a adotar, mas listou 16 situações em que o policial será obrigado a acionar a câmera para registrar a sua atuação.
Uma das situações, e certamente a mais abrangente: “No patrulhamento preventivo e ostensivo ou na execução de diligências de rotina em que ocorreram ou possam ocorrer prisões, atos de violência, lesões corporais ou morte”. Para os bolsonaristas, bandido bom é bandido morto e a palavra do policial merece fé.
Tarcísio elegeu-se governador de São Paulo como candidato de Bolsonaro, mas fazendo questão de não parecer tão bolsonarista assim. Uma vez empossado, tirou a máscara. No último sábado (8/6), em evento no Guarujá, perguntado se é bolsonarista, Tarcísio respondeu sem hesitar:
“Eu sou bolsonarista, vou continuar sendo bolsonarista. Isso significa que eu sou conservador, sou liberal e acredito em um Brasil que vai ter economia de mercado”.
Sobre declarações e ações golpistas de Bolsonaro e dos seus aliados, disse:
“Não vejo porque a gente está na atenção da Polícia Federal, porque essa corrente está na atenção da Polícia Federal”.
Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com a Unicef mostrou que os batalhões que incorporaram câmeras corporais tiveram redução de 76,2% na letalidade provocada por policiais militares em serviço entre 2019 e 2022, enquanto nos demais batalhões a queda foi de 33,3%.
Nos Estados Unidos, 79% dos policiais municipais atuam em departamentos de polícia que fazem uso das câmeras corporais, segundo estudo do Police Executive Research Forum. As câmeras se disseminaram também na Europa e com os mesmos resultados: a queda do número de mortes provocada por policiais em serviço.
Antigamente, diante de uma decisão de tribunal superior que a contrariava, a maioria das autoridades públicas saía com esta: “Decisão da Justiça não se discute, cumpre-se.” É o que poderia fazer Tarcísio, apertando a mão estendida por Barroso. Fará? A ver.