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A frase é do presidente Juscelino Kubistchek, o fundador de Brasília:
“Costumo voltar atrás, sim, não tenho compromisso com o erro!”.
Os versos são do compositor, cantor e músico Raul Seixas, um dos pioneiros do rock brasileiro:
“Eu prefiro ser essa Metamorfose Ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo…”.
Quando governou o Brasil pela primeira vez, Lula admitiu que era uma metamorfose ambulante. Seus adversários, então, o acusaram de querer dizer com isso que não tinha compromisso com as próprias ideias, ou que não tinha ideias. Erraram.
Lula quis apenas atualizar a frase de Juscelino. Por exemplo: ao dar-se conta do erro que foi o mensalão do PT, recuou e desculpou-se. Em seguida, demitiu José Dirceu de Oliveira, chefe da Casa Civil do governo, que mais tarde seria cassado pela Câmara.
No ano seguinte, demitiu Antonio Palocci, ministro da Fazenda, o queridinho da imprensa e do mercado financeiro, envolvido no escândalo da quebra do sigilo bancário de um caseiro que o vira numa mansão palco de tenebrosas transações e de farras épicas.
Em seguida, Lula reelegeu-se, elegeu Dilma e a reelegeu. Condenado, preso, solto, contrariou os que esperavam estar de volta um homem repleto de feridas, vingativo e com gosto de sangue na boca. Bolsonaro foi um dos que se enganaram:
“Se o cara voltar, José Dirceu irá para a Casa Civil, e Dilma para o Ministério da Defesa?”
Dirceu fez parte da turma sem convite para a posse do último domingo; para o Ministério da Defesa foi José Múcio Monteiro, líder do PTB de Roberto Jefferson à época do mensalão. Se Lula quiser e ela topar, Dilma será embaixadora do Brasil na Argentina.
Compromisso com o erro foi o que derrotou Bolsonaro do “morram os que tiverem de morrer”, das armas que foram parar nas mãos do crime organizado, do enfrentamento com a Justiça, dos atos hostis à democracia e do regime autoritário à vista.
Bolsonaro celebrou a chegada do Ano Novo comendo sanduíche de frango frito em uma rede de fast food do KFC, em Orlando, onde se refugiou com medo de ser preso. Lula, ontem, começou a despachar no Palácio do Planalto, previamente dedetizado.
Na galeria dos presidentes do palácio, a foto de Bolsonaro está em preto e branco. Colorida só a foto do presidente que ocupa o cargo.