Ciro Gomes nada aprendeu e nada esqueceu depois de três derrotas
O candidato a presidente que se diz rebelde rende-se outra vez aos seus instintos mais primitivos
atualizado
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Aconteceu o que mais se temia entre os que acompanham de perto a carreira política de Ciro Gomes (PDT), candidato a presidente da República pela quarta vez: na primeira chance que teve, ele atirou nele mesmo. Como fez no passado em pelo menos duas ocasiões.
Na primeira, em Salvador, chamou de “burro” um eleitor que lhe fizera uma pergunta. Na segunda, em São Paulo, ao final de uma entrevista à imprensa, disse que o papel da sua mulher, a atriz Patrícia Pillar, durante a campanha, seria o de dormir com ele.
Estava em ascensão nos dois momentos. Então, perdeu preciosos pontos nas pesquisas de intenção de voto e não mais se recuperou. Ontem, em visita a uma feira agrícola em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, Ciro mostrou que nada aprendeu e nada esqueceu.
Vaiado por militantes bolsonaristas, ouviu um deles gritar: “Mito, Mito”. Ciro respondeu de bate pronto: “Mito? Roubou tua mãe ou comeu ela?” A outro militante, que o acusou de “não ter educação”, Ciro retrucou: “Vai tomar no seu cu, filho da puta”.
“Nazista” e “ladrão da ‘rachadinha'” foram outras imprecações feitas por Ciro. “O Bolsonaro é ladrão mesmo, ladrão da ‘rachadinha’. Eu nunca roubei nada, nem tua mãe, ô vagabundo”, ele disse a outro visitante da feira que o acompanhava à distância.
A certa altura do seu passeio na feira, Ciro se aproximou de um militante bolsonarista e deu a impressão de aplicar-lhe um soco no estômago, mas logo agentes de seguranças o removeram dali. Perguntado se esperava aquela recepção, respondeu:
“Um país que é governado por bandido, ladrão, tem que ter esse tipo de quadrilha […] Estou aqui andando na Agrishow e você está vendo quem está insultando quem”.
O que se viu: insultado, o candidato que se apresenta como “rebelde” devolveu os insultos com termos chulos e com a tentativa de agredir uma pessoa. Não é o comportamento que se espera de um aspirante a cargo que exige serenidade e cobra decoro.
Bolsonaro chegou à feira montado em um cavalo e depois de ter participado de uma motociata. Foi saudado por seus devotos e desfilou dentro de uma camionete. João Doria, candidato do PSDB a presidente, caminhou pelas ruas da feira sem ser incomodado.
Nas redes sociais, Ciro afirmou em nota que “sofreu tentativas de agressão física por militantes bolsonaristas”. Não houve tentativas de agressão física contra ele. Disse que “lamenta ter sido forçado a agir com veemência”. Veemência, não, violência. E, por fim:
“Os agressores agiram com profundo preconceito contra nordestinos, atacando com forte conotação racista a sua origem cearense. […] Esse tipo de comportamento fascista deve ser enfrentado, ou as milícias bolsonaristas se sentirão no direito de atacar a todos, inclusive a quem não consiga se defender”.
Dito de outra maneira: Ciro reagiu do jeito que se viu simplesmente em defesa das pessoas que talvez não consigam se defender das “milícias bolsonaristas”. Conta outra, quem escreveu a nota.