Ciro Gomes está de volta, jogando pedras em Lula e em Bolsonaro
Derrotado em quatro eleições presidenciais, diz que “no momento” não gostaria de ser candidato outra vez
atualizado
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Ciro Gomes voltou, e de olho gordo na eleição de 2026, embora negue. Lula foi derrotado três vezes (1989, 1994, 1998) antes de se eleger presidente pela primeira vez em 2002; Ciro, quatro até aqui. Ele havia dito que não seria mais candidato, mas só pensa nisso.
Voltou com o mesmo discurso, de quem se oferece como alternativa à esquerda e à direita. Com uma diferença que começou a ensaiar na eleição do ano passado: cada vez mais à direita, inclusive do seu partido, o PDT, que faz parte do governo Lula.
Foi em uma palestra para estudantes brasileiros e portugueses na Universidade de Lisboa. Ciro chamou Bolsonaro de “imbecil”, um “despreparado absoluto” e um “ladrãozinho vulgar”, e bateu sem piedade em Lula, a quem culpa por suas derrotas:
“Caramba, o Lula foi parar na cadeia. Será possível que não aprendemos nada ou nós acreditamos que o Lula foi inocentado? Ele não foi inocentado.”
Sobrou para Cristiano Zanin, ex-advogado de Lula, que deverá ser indicado para uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal. E sobrou também para Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda, que teria se rendido aos banqueiros:
“Quero saber se é justo que a gente faça um novo teto de gastos, com o nome arcabouço fiscal, um arrocho absoluto. Sabe qual é a taxa de investimento do Brasil hoje? A menor da história. Da União remanesce para investimento 0,75 de 1%. E isso significa ao redor de 24 bilhões, que é nada”.
Ciro não perdoa Lula que, em 2018, preso em Curitiba, a apoiá-lo, preferiu lançar a candidatura de Haddad a presidente. Contra Lula e Bolsonaro em 2022, Ciro terminou em quarto lugar, com apenas 3% dos votos válidos, atrás de Simone Tebet (MDB).
Em sua fala, fez uma concessão à modéstia, o que sempre pega bem, tanto mais para quem passa a imagem de sabe tudo:
“Quero me desintoxicar. Não é razoável, a partir de certo limite tem que ter uma humilde. Eu não represento uma corrente de opinião mais. Sou um democrata visceral mesmo. Alguma coisa está errada comigo, não é com o povo”.
Por fim, exagerou na dose e traiu sua intenção de candidatar-se em 2026, se os ventos soprarem a seu favor:
“Eu dei ao povo brasileiro o meu viver. Vou morrer militando, vou achar outro caminho. Eu vou ficar militando, mas candidato neste momento, não gostaria de ser”.
Noutro momento, quem sabe?