Chorar, se perder, não é a reação que se espera de Bolsonaro
Melhor já ir se acostumando com a ideia
atualizado
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Às 20h45 de ontem, o ministro Fábio Faria, das Comunicações, escreveu na sua conta oficial no twitter: “TSE, anote esses números que o Ipec está dando, que no dia 2 de outubro a população vai cobrar o fechamento deste instituto”.
O ministro foi criticado porque só às 21h27, o Jornal Nacional divulgou os números da mais recente pesquisa de intenção de votos do Ipec (ex-Ibope) Mas Faria estava certo. Os números foram antecipados pela versão deste blog no twitter.
Faria merece apanhar por outra razão: não cabe a ninguém, muito menos a um ministro, incitar a população contra institutos de pesquisa. Coisa parecida faz Bolsonaro, em quem Faria se inspira, quando joga seus devotos contra tudo o que o contraria.
Faria, em breve, ficará desempregado. Talvez não fique porque deverá trabalhar para Elon Musk, o homem mais rico do mundo, interessado em fazer bons negócios no Brasil. De resto, o ministro só finge acreditar que Bolsonaro ainda tem tudo para se reeleger.
Como finge seu colega Ciro Nogueira (PP-PI), chefe da Casa Civil. A cada mês, Nogueira atualiza suas previsões. Em março, disse que Bolsonaro empataria com Lula em maio ou junho. Depois, prorrogou para agosto, setembro, início de outubro e calou-se.
Bolsonaro parece conformado com o que o aguarda. Diz que vencerá no primeiro turno porque outra coisa não poderia dizer, mas se disputar o segundo turno estará no lucro. “Se eu não me eleger é porque algo anormal aconteceu no TSE”, afirmou.
Quem atesta que “algo anormal” aconteceu no Tribunal Superior Eleitoral? Os militares, que conseguiram quase tudo o que pediram ao tribunal para acompanhar as apurações? Flávio Bolsonaro, que começou a admitir que as urnas eletrônicas são seguras?
Há 4 anos, na noite do segundo turno, mesmo certo de que seria eleito, Bolsonaro não se preparou para ter o que dizer. Não havia ao seu lado um tradutor para atender a telefonemas de chefes de Estado estrangeiros, uma vez que ele mal fala o português.
Faltou ao encontro com a imprensa reunida para entrevistá-lo em um hotel próximo da sua casa. Mandou representantes em seu lugar. Leu um discurso que lhe deram e postou nas redes. Depois que os últimos amigos foram embora, teve uma crise de choro.
Chorar, se perder, não é a reação que os bolsonaristas esperam dele. Melhor já ir se preparando para a ocasião.