Centrão, que mama nas tetas do governo, largou Bolsonaro de mão
Valeu o esforço de Lira para diminuir a derrota do voto impresso
atualizado
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Bem que Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, esforçou-se para que a derrota do voto impresso fosse menor do que o previsto. Lira dá-se muito bem com o voto eletrônico, o que ele não queria era que o presidente Jair Bolsonaro ficasse mais aborrecido do que ficou. Espera extrair vantagens disso.
Nas horas que antecederam a votação, Lira trancou-se em seu gabinete e começou a chamar deputados para influenciar o voto deles. Tinha plena ciência do que se desenhava. Convenceu opositores do voto impresso a votarem a favor e orientou outros para que se ausentassem. Controlava a situação.
Tudo saiu como ele planejava. Dos 41 deputados do seu partido, por exemplo, apenas 29 votaram, 16 a favor do voto impresso, 13 contra. No PL, outro partido do Centrão, foram 11 votos a favor e 23 contra. O MDB, que finge não ser do Centrão, deu 15 votos a favor e só 10 contra. O DEM, 13 a favor e 8 contra.
O PSDB surpreendeu o próprio Lira. Sob o comando do deputado Aécio Neves (MG), que se absteve, o partido deu 14 votos para aprovar o voto impresso e 12 para rejeitá-lo. Uma vez no muro, sempre no muro. No PSB que alardeia fazer oposição ao governo, 23 deputados votaram contra, mas 11 votaram a favor.
A bancada de Rondônia foi a mais fiel ao governo. Votaram 8 deputados de 8 partidos – todos a favor do voto impresso. A bancada de Santa Catarina foi a segunda mais fiel – de um total de 16 votos, apenas 2 foram contra. A deputada Ângela Amin (PP) disse depois que votou contra porque errou na hora de votar.
O Piauí do senador Ciro Nogueira (PP), chefe da Casa Civil da presidência da República, só deu 3 votos a favor do voto impresso, e 7 foram contra. O Rio de Janeiro, reduto da família Bolsonaro, partiu-se ao meio – de um total de 42 votos, 21 foram a favor e 21 contra. O filho do líder do governo no Senado votou contra.