Causa nojo a indiferença de Bolsonaro pela morte dos outros
Sabem quantas vezes em três anos o presidente decretou luto oficial no país?
atualizado
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A levar-se em conta a lei não escrita, mas respeitada pelos presidentes do Brasil desde a época da ditadura militar, é decretado luto oficial no país quando morrem pessoas de relevância, ou quando ocorrem mortes que causem comoção.
Em três anos de governo, segundo levantamento publicado pelo jornal O Globo, Bolsonaro só decretou luto oficial uma vez: por ocasião da morte de Marco Maciel, duas vezes vice-presidente da República, vítima da Covid-19 e de outro males.
João Gilberto, o criador da Bossa Nova reverenciado no mundo inteiro, os atores Tarcísio Meira e Paulo Gustavo, a cantora Marília Mendonça morreram e Bolsonaro não decretou luto oficial. Sem falar dos mais de 620 mil mortos pela pandemia.
Em 2 anos de governo, Michel Temer decretou luto oficial 5 vezes. Em 5 anos e meio, Dilma Rousseff decretou 10 vezes. Em 8 anos, Lula decretou 22 vezes, inclusive quando morreu o senador Romeu Tuma, seu carcereiro em São Paulo no início dos anos 1980.
Lula também decretou luto oficial quando morreu Ruth Cardoso, mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que o tinha derrotado duas vezes no primeiro turno das eleições de 1994 e 1998. Os dois foram amigos, deixaram de ser, voltaram a ser.
O estouro da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, matou 300 pessoas, desabrigou milhares, comoveu o país, mas não a Bolsonaro. Decretar luto oficial nada custa. Requer apenas a assinatura do presidente e sua publicação no Diário Oficial.
Nada deveria espantar ao ver Bolsonaro a passear de lancha e de jet ski pelos mares de São Paulo e de Santa Catarina e a dançar funk enquanto chuvas torrenciais caíam sobre a Bahia. Ele é assim, sempre foi e não dá sinais de que mudará.
Votou nele quem quis. Só não vale dizer que votará outra vez enganado.