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Carta do impeachment de Bolsonaro está na mão de Lira

O presidente da Câmara não quer jogá-la na mesa, mas isso depende mais de Bolsonaro do que dele

atualizado

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Alan Santos/PR
Jair Bolsonaro e Arthur Lira
1 de 1 Jair Bolsonaro e Arthur Lira - Foto: Alan Santos/PR

Presidente da Câmara há pouco mais de cinco meses, Arthur Lira (PP-AL) sacou do baralho com que costuma jogar a carta do impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Ela poderá ser devolvida ao lugar, ou desprender-se dos seus dedos e ser posta na mesa. Vai depender mais de Bolsonaro do que dele.

Por ora, Lira tem dito aos seus interlocutores, entre eles deputados, senadores, ministros de tribunais superiores e empresários, que ainda não há condições para que um processo de impeachment prospere na Câmara. Faltam, ali, votos para aprová-lo e, nas ruas, grandes multidões a seu favor. Falta tempo também.

Impeachment é um processo que se arrasta por seis a oito meses. Daqui a 13 meses haverá eleições. Mas Lira concorda que contra todas as possibilidades, a queda de Bolsonaro poderá acontecer se ele continuar a comportar-se da maneira que se vê, agredindo as instituições da República e ameaçando o regime democrático.

Embora torça pelo sucesso daquele que o ajudou a se eleger presidente da Câmara, Lira lembra que jurou respeitar a Constituição ao ser empossado pela primeira vez como deputado, e que renovou o compromisso toda vez que se reelegeu. A um político, ele cita, pode-se pedir tudo, menos que se suicide.

Em poucas horas, ontem, Bolsonaro, antes de viajar ao Rio Grande do Sul para mais um passeio com motociclistas, desferiu insultos a ministros do Supremo Tribunal Federal, a senadores e voltou a falar que sem voto impresso não haverá eleições no ano que vem. Ou que não reconhecerá seus resultados se perdê-las.

A reação das instituições foi imediata, até porque os insultos se repetiram depois que os servis comandantes das Forças Armadas, além do ministro da Defesa, um general, assinaram uma nota de advertência ao Senado encomendada por Bolsonaro e aprovada por ele no Palácio do Planalto antes que fosse divulgada.

Pelo Congresso, reagiu Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado, que vocalizou o que Lira pensa, mas cala. Pelo Supremo Tribunal, os ministros Luís Roberto Barroso, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, que referiu-se aos napoleões de hospício.

A Igreja Católica, por meio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), soltou uma dura nota onde diz em sua abertura:

“A sociedade democrática brasileira está atravessando um dos períodos mais desafiadores da sua história. A gravidade deste momento exige de todos coragem, sensatez e pronta correção de rumos.”.

E no seu desfecho:

Apoiamos e conclamamos às instituições da República para que, sob o olhar da sociedade civil, sem se esquivar, efetivem procedimentos em favor da apuração, irrestrita e imparcial, de todas as denúncias, com consequências para quem quer que seja, em vista de imediata correção política e social dos descompassos.”

Se Bolsonaro, cuja saúde inspira cuidados, não quiser entender o que se passa, ou não souber entender, ou imaginar que o jogo está bom e seguro para seu lado, a carta que Lira ainda segura entre os dedos será lançada sobre a mesa, e então seja o que Deus quiser.

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