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Caramelo para senador pelo Rio Grande do Sul – por que não?

O voto de reconhecimento e gratidão, não de protesto

atualizado

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Que tal Caramelo para uma das duas vagas de senador pelo Rio Grande do Sul nas eleições gerais de 2026? Você quer um melhor exemplo da resistência dos gaúchos à tragédia que se abateu sobre o Estado?

Tente se equilibrar na cumieira de uma casa, a poucos metros da água que ameaça afogá-lo, imóvel, sem comer nem beber durante quatro dias… Aconteceu com Caramelo na devastada cidade de Canoas.

Caramelo poderia ter reclamado ou se desesperado, a relinchar, mas não o fez. Se fez, não foi escutado. Com a chegada dos bombeiros que o doparam, poderia ter reagido com selvageria, mas também não fez.

Mansidão, sabedoria ou por que Caramelo intuiu que os bombeiros não lhe fariam mal? Ninguém ainda contou direito a história de Caramelo, embora ele tenha se tornado uma celebridade mundial. Seu perfil está por ser escrito.

Incitado, que em latim quer dizer “Impetuoso”, era o cavalo de corrida preferido do imperador romano Caio César, ou Calígula, nascido em 31 de agosto de 12 d.C e assassinado por sua guarda pretoriana em 24 de janeiro de 41.

Conta a história que Calígula, só para sacanear com seus adversários, incluiu o nome de Incitato no rol dos senadores. O cavalo tinha 18 criados especiais, portava um colar de pedras preciosas e dormia no meio de mantas de cor púrpura.

A cor púrpura era um monopólio da família imperial. Em homenagem a Incitado, dedicaram-lhe uma estátua em tamanho real de mármore com um pedestal em marfim. Custou uma fortuna, mas Roma era muito rica.

Na literatura, graças à William Shakespeare, poeta e dramaturgo, Ricardo III, o último rei da Inglaterra da Dinastia Plantageneta, ficou associado à célebre frase: “Um cavalo, um cavalo, meu reino por um cavalo”.

Pois eis que em 2012 descobriu-se que a ossada de Ricardo III, morto em 1485, antes de Pedro Álvares Cabral pôr os pés no Brasil, foi enterrada em Leicester, no centro do país, sob muitos cavalos-de-força.

Famoso em Fortaleza entre o final da década de 1910 e início da década de 1920, o bode Ioiô, tomador de cachaça e conhecido pela vida boêmia que levava na companhia de escritores e músicos, foi eleito vereador.

Os paulistas deram mais de 100 mil votos em 1959 para eleger o rinoceronte Cacareco vereador da capital. Em 1987, os eleitores de Vila Velha, no Espírito Santo, elegeram prefeito o mosquito da dengue. Foi o candidato mais votado.

Um chimpanzé de nome Macaco Tião foi o terceiro nome mais votado para vereador na capital do Rio de Janeiro em 1988. Seu slogan foi um achado matador dos responsáveis por sua campanha: “O único candidato que já está preso”.

O voto no bode, no rinoceronte, no mosquito da dengue e no chimpanzé foi um voto de protesto, tão legítimo quanto qualquer outro voto. O voto em Caramelo seria um voto de reconhecimento e gratidão.

O que Caramelo fez pela autoestima dos gaúchos é simplesmente impagável.

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