Campanha de Bolsonaro será antes de tudo uma ação familiar
Negacionismo é um mal que passa de pai para filho, revela entrevista de Flávio, o Zero Um
atualizado
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Sabe quem será o marqueteiro da campanha de Jair Bolsonaro à reeleição? Em primeiro lugar, ele mesmo; em segundo, Carlos Bolsonaro, o Zero Dois;, em terceiro, quem mais seja escalado para dar palpites. É o que fica claro na leitura da entrevista concedida ao O Globo pelo senador Flávio Bolsonaro, o Zero Um.
Que papel terá Flávio? Resposta dele: “Estou me dedicando a tomar as decisões, já que o presidente não tem tempo. Sei como funciona a cabeça dele, o que ele quer nos Estados, com quem é possível caminhar”. Na Bahia, gostaria de caminhar com ACM Neto, candidato ao governo, mas ACM Neto não quer.
Diz o senador que os publicitários com quem conversa “têm consciência” de que Bolsonaro será seu próprio marqueteiro. “Não funciona alguém ao lado de Bolsonaro falando o que ele tem de fazer”, justifica. “Nosso trabalho vai ser criar uma metodologia para mostrar o que funciona e o que o povo gosta mais”.
Flávio chama Carlos, o irmão, de “intuitivo”. Destaca que o “intuitivo” sabe “o que o eleitor de Bolsonaro gosta e consegue transformar isso em conteúdo”. E tem uma vantagem a mais: ele “não deixa Bolsonaro se distanciar de sua base”. É garantia, pois, de que a campanha será sangrenta, mas isso Flávio não admite.
Sobre a dianteira de Lula nas pesquisas de intenção de voto, o senador padece do mesmo mal do presidente – o negacionismo. “Não é voto nele”, argumenta, “mas uma certa rejeição a Bolsonaro em função da percepção de que ele seria contra a vacina, e ele não é. É a favor da liberdade de escolher”. Imagine se fosse contra…
E insiste: “Não são votos do Lula. São pessoas que equivocadamente acreditam que a vida piorou por causa de Bolsonaro. Comunicando melhor, vamos reverter isso”. Quer dizer: as pessoas se equivocam ao achar que a vida piorou por culpa de Bolsonaro. A culpa é de uma má comunicação. Que tal, hein?
Quanto à candidatura de Sérgio Moro, Flávio está convencido de que não ameaça a do seu pai. Se não ameaça, por que chamá-lo de “traidor”, e de “fiasco” como político, além de acusá-lo de “ter soltado Lula” ao fazer “coisas que estavam fora da lei”? Nesse aspecto, Lula está inteiramente de acordo com Flávio.
O pastor Marcos Pereira, presidente do Republicanos, afastou-se do comitê de campanha de Bolsonaro, reconhece o senador, mas ele não sabe direito por que. Como não sabe se o ministro Paulo Guedes seguirá no cargo “em um segundo governo”. Por fim, considera Fabrício Queiroz um legítimo “ficha limpa”.
Não só. Reuniu-se outro dia com Queiroz em Brasília e estimulou-o a ir “à luta” por um mandato de deputado federal pelo Rio de Janeiro. O operador do esquema de rachadinhas nos gabinetes de Flávio e de Carlos tem esse direito, ora. E de certa forma faz parte da grande família Bolsonaro.