Bolsonaro vai montar gabinete para governar direto do hospital
Esse filme já passou. Tomara que o final seja o mesmo – vida que segue
atualizado
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O vice-presidente Hamilton Mourão não precisa voltar com tanta pressa da viagem oficial que faz a Angola. Se quiser, poderá curtir o fim de semana em Luanda. Come-se bem por lá e vale conhecer a Ilha do Cabo, uma estreita língua de terra com 7 quilômetros de comprimento que separa Luanda do oceano Atlântico.
O deputado Arthur Lira, presidente da Câmara, não tem por que se preocupar com a condição de réu em vários processos, o que em tese o impediria de assumir a Presidência da República na ausência de Mourão e de Jair Bolsonaro, que se encontra doente e recolhido a uma suíte do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo.
Bolsonaro ordenou a montagem de um pequeno gabinete para chamar de seu e, do hospital, continuar governando o país. Como já fez nas outras vezes em que esteve internado para tratamento médico. Quer demonstrar com isso que sua situação não é má, e que é capaz de sacrificar a própria saúde para servir ao país.
Até aqui, tudo está saindo de acordo com o figurino inspirado em ocasiões anteriores: alarme na hora da internação; pedidos de orações para mobilizar seus devotos; informações desencontradas sobre o estado de saúde; remoção para São Paulo se necessário; boletins médicos tranquilizadores; finalmente, alta.
Menos de 24 horas depois de chegar à capital paulista com o diagnóstico de obstrução intestinal, o que poderia levá-lo à submeter-se a uma cirurgia de emergência, seu médico, Antonio Macedo, admitiu que a cirurgia, por ora, foi descartada. Bolsonaro já visitou outros pacientes e foi entrevistado em programa de tv.
Como ficará de repouso por mais alguns dias, por que não produzir fatos que virem notícia e garantam a atenção permanente dos holofotes? Daí o gabinete hospitalar, ou gabinete paralelo, só em nome parecido com o outro que orientou todos os seus passos no falso combate travado contra o coronavírus.
Não quer dizer que sua enfermidade seja mais uma fake news, concebida justo no momento em que sua popularidade está em baixa e a CPI da Covid-19 tirou-lhe o sono e o sossego. Ainda existe o risco de ele ser operado pela sétima vez desde a facada de Juiz de Fora. Ter o intestino mexido tantas vezes é sempre algo arriscado.
É possível que a cirurgia fique para outra oportunidade. Ou que ele esteja sendo preparado para ser operado em breve. Só ele e seus médicos sabem – ou talvez nem eles com tanta segurança assim. Vai depender do avanço de sua recuperação clínica.