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Bolsonaro usa sua filha Laura, de 11 anos, para fazer política

Se dependesse só de Michelle, ela seria vacinada contra a Covid-19

atualizado

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Bolsonaro comemora aniversário da filha Laura em rede social
1 de 1 Bolsonaro comemora aniversário da filha Laura em rede social - Foto: Twitter/Reprodução

Pobre criança. Laura, 11 anos recém-completados, filha do casal Jair e Michelle Bolsonaro, ele presidente da República, ela primeira-dama, não será vacinada contra a Covid-19 e suas variantes que já mataram no Brasil mais de 618 mil pessoas.

Se dependesse só da mãe, ela seria vacinada, sim. Michelle tomou pelo menos duas doses de vacina, obedeceu às regras de isolamento social e sempre usou máscara. Ultimamente tem usado menos em aparições públicas. O problema de Laura é o pai.

Ele não fez nada disso. Só usa máscara se for obrigado. Sabotou a compra de vacinas para adultos, criticou governadores e prefeitos autores das regras de isolamento, receitou drogas ineficazes para curar a doença, e é contra a imunização de menores de idade.

Laura, coitada, não tem idade para entender direito por que seu pai está na contramão da esmagadora maioria dos pais e avós brasileiros que querem vacinar seus filhos e netos. Nem porque mais de 15 países já aderiram à vacinação pediátrica e o Brasil não.

Na escola particular em que era matriculada, em Brasília, os professores haviam sido orientados a não abordar temas polêmicos na sua presença, e nenhum ousou fazê-lo. Mais forte foi o medo de perder o emprego se fossem delatados pelos seguranças de Laura.

Sob o pretexto de que a filha corria perigo, Bolsonaro transferiu-a para o Colégio Militar. A entrada ali é muito disputada. São 1.057 candidatos para 15 vagas (70,4 inscritos por cadeira). Mas Laura foi dispensada de se submeter ao processo seletivo.

De certa forma, Bolsonaro sentiu-se compensado pela humilhação de não ter podido oferecer aos filhos mais velhos (Flávio, Carlos, Eduardo e Jair Renan) uma formação militar. Uma vez afastado do Exército por insubordinação, perdeu tal direito.

Foi uma época dura para ele. Estava proibido de aparecer em quartéis por causa da lembrança de que como soldado planejou explodir bombas dentro de alguns deles em reivindicação por melhores salários. Em clubes militares não podia entrar.

Sempre foi um pai apegado aos filhos, mas não preocupado com sua educação. Em novembro último, admitiu que 90% da responsabilidade pela educação de Laura cabe a Michelle. Falta-lhe tempo para isso, embora trabalhe pouco e divirta-se muito.

Na semana passada, Bolsonaro passou três dias no litoral de São Paulo dentro de uma lancha e a dançar funk. Voltou às pressas a Brasília, gravou a mensagem de Natal ao lado de Michelle que falou mais do que ele, e voou de férias para Santa Catarina.

Queixa-se de levar uma vida atribulada, de não dormir o suficiente porque vigia as redes sociais durante as madrugadas, e de que não estava pronto para ser presidente. Falta de sorte dele e do país. Não reconhece, porém, que seu principal adversário é ele mesmo.

Não vê nada demais em usar a filha para fazer política. Porque é disso que se trata quando afirma, contra a vontade da mãe, que Laura não será vacinada. Seria interessante saber se os pais dos coleguinhas de Laura no Colégio Militar irão vaciná-las ou não.

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