Bolsonaro torce para que Lula vá às ruas protestar contra ele
PT está dividido quanto a aconselhar seu principal líder a comparecer ou não às manifestações do próximo sábado
atualizado
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Uma dessas fontes que os jornalistas apresentam como bem informadas diz ter ouvido da boca do presidente Jair Bolsonaro que Lula lhe prestaria um grande favor se comparecesse, neste sábado (17/6), às manifestações de rua convocadas contra seu governo.
Bolsonaro confia em poucas pessoas para revelar de fato o que pensa a respeito de qualquer coisa. Aprendeu em quase 30 anos como deputado federal que na maioria das vezes deve-se dizer ao interlocutor o que ele quer ouvir, não necessariamente a verdade.
Só que a tal fonte dita bem informada, e ouvida para este relato, é amiga dele há mais de 40 anos, perfeitamente alinhada com suas ideias e um servidor leal. Também ela torce para que Lula apareça de repente em meio à multidão a reunir-se na Avenida Paulista.
Seria um show. Nota 10. Reforçaria o discurso de Bolsonaro de que manifestações como as próximas e as anteriores foram obra exclusiva da esquerda, dos comunistas que seguem ameaçando o futuro do país e o impedindo de governar como desejaria.
Um governante, como ele, que se propõe a destruir o sistema para depois reconstruí-lo não precisa fazer muita coisa, não está sequer obrigado a governar. Deixa à oposição a tarefa de apontar o que ele deveria fazer. E a acusa de sabotar seus esforços.
No caso da pandemia, por exemplo. Bolsonaro recusou-se a adotar medidas de isolamento social e atrasou a compra de vacinas. Diz que a justiça tirou-lhe poderes para tal, transferindo-os aos governadores. Na conta deles, tenta jogar a culpa por sua omissão.
À diferença das manifestações de 29 de maio último, as deste sábado foram convocadas por uma ampla gama de movimentos sociais e de partidos, inclusive o PT. Lula não deu uma palavra de apoio às anteriores. Seguirá calado? Correrá o risco de aparecer?
Se o fizer, não poderá dizer nunca mais que Bolsonaro despreza vidas quando provoca aglomerações em meio à pandemia que até ontem matou por aqui 493.837 pessoas, infectando 17.629.714.