Bolsonaro toca fogo e despacha bombeiros para apagar o incêndio
Ministros do Supremo perderam a disposição de fazer papel de bobos
atualizado
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É um truque que já não funciona, mas que o presidente Jair Bolsonaro sempre aplica, toda vez que uma crise detonada ou agravada por ele o ameaça.
Engrossada, agora, com a aquisição do senador Ciro Nogueira (PP-AL), líder do Centrão e novo chefe da Casa Civil da Presidência, a tropa de bombeiros entrou novamente em cena.
Quem tem relações com membros do Supremo Tribunal Federal começou a procurá-los depois dos recentes ataques de Bolsonaro aos ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.
O que acendeu a luz vermelha no Palácio do Planalto foi o duro pronunciamento do presidente do Supremo, Luiz Fux, em defesa dos seus pares e com críticas indiretas a Bolsonaro.
Os donos das mais prestigiadas togas da República conhecem o truque e já foram alvos dele no passado. Não parecem dispostos a se deixarem enganar outra vez.
O enredo é sempre o mesmo: Bolsonaro não quis dizer o que disse; o que ele eventualmente disse foi tirado do contexto; são coisas da política, e o presidente também deve satisfações aos seus devotos.
O antecessor de Fux na presidência do tribunal, o ministro Dias Toffoli, acreditou que poderia domesticar Bolsonaro, ou pelo menos conter as manifestações dos seus instintos mais primitivos.
Foi Toffoli quem primeiro falou em um pacto dos três Poderes da República pelo bem do Brasil. Deu em nada. Fux o sucedeu embalado pela mesma ideia. Abdicou dela.
Ninguém no tribunal, salvo o ministro Nunes Marques que deve sua nomeação a Bolsonaro, imagina que ele mudará de postura. O trabalho dos bombeiros será bem-vindo, porém inócuo.