Bolsonaro teme ter sido traído por Valdemar Costa Neto, mas não foi
O que o presidente do PL quis dizer com a decisão de falar à Polícia Federal
atualizado
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No início desta semana, Bolsonaro não escondia sua preocupação com a decisão de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido onde ele se abriga, de responder a todas as perguntas que a Polícia Federal lhe fizesse no depoimento marcado para ontem.
E se Costa Neto pisasse sem querer na bola e entregasse algo que pudesse incriminar ainda mais Bolsonaro? Ou pior: e se Costa Neto viesse a colaborar de fato com as investigações sobre o golpe planejado por Bolsonaro para manter-se no poder?
Costa Neto ajudou, sim, a criar o clima para que o golpe acontecesse. Terminada a eleição de 2022, derrotado Bolsonaro, o PL pediu ao Tribunal Superior Eleitoral a recontagem dos votos no segundo turno. Com isso, sugeria que poderia ter havido fraude.
O tribunal negou o pedido, mas Costa Neto fizera sua parte para ajudar a trama golpista. A trama estendeu-se do início de novembro daquele ano até o fim de dezembro, quando Bolsonaro concluiu que não tinha apoio suficiente para dar o golpe e fugiu.
Tão cedo se saberá o que Costa Neto disse em mais de três horas de depoimento à Polícia Federal. Mas é improvável que ele tenha jogado mais lenha na fogueira onde Bolsonaro está sendo frito. Bolsonaro é um ativo político no qual Costa Neto investiu uma fortuna.
Um ativo político que, mesmo debilitado, poderá ser muito útil para que o PL eleja este ano um gigantesco número de prefeitos e vereadores. Por que estragá-lo? Costa Neto quis apenas se diferenciar do bloco dos depoentes de farda que preferiram o silêncio.
No tribunal da opinião pública, quem cala é porque tem muito a esconder e quase sempre é culpado pelo que lhe acusam. Costa Neto quis dizer com seu gesto: me incluam fora dessa. Ou: aproximem-se para longe. E assim tirar alguma vantagem. Esperto, o rapaz.