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Bolsonaro resiste a que o Exército puna o general Pazuello

Como supremo comandante das Forças Armadas, Bolsonaro se opõe a qualquer punição ao general Pazuello por ter participado de ato político

atualizado

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1 de 1 bolsonaro_passeio rio - Foto: Aline Massuca/Metrópoles

Segue a valsa. Valsa, segundo um político que trafega com desenvoltura entre fardados, significa que ainda não há solução para um problema complicado que se arrasta. O problema, neste momento, não atende pelo nome de Eduardo Pazuello, general da ativa, portador de três estrelas, ex-ministro da Saúde.

O problema é Jair Bolsonaro, presidente da República, que discorda de qualquer punição a ser imposta a Pazuello pelo fato de ele, ontem, ter participado de manifestação político-partidária no Rio. Convocada pelo próprio Bolsonaro e comandada por ele, a manifestação atraiu milhares de motociclistas.

A levar em conta o que está escrito no Regulamento Disciplinar do Exército, uma das transgressões sujeitas a punição é a seguinte: “Manifestar-se, publicamente, o militar da ativa, sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária”. Foi o que fez Pazuello, estimulado por Bolsonaro.

O general sabia que não poderia fazê-lo. Bolsonaro, também, quando nada porque já foi militar, embora tenha sido afastado do Exército por indisciplina e “conduta antiética”. Em telefonema para o comandante do Exército, general Paulo Sergio Nogueira de Oliveira, Pazuello reconheceu seu erro.

O que falta para que seja punido? Por que a valsa não parou de tocar? Não parou porque Bolsonaro, como chefe supremo das Forças Armadas, não deixa. Ao carregar Pazuello para o Rio, mandá-lo subir num carro de som e discursar, a intenção de Bolsonaro era clara: provocar uma nova crise que veste farda.

A anterior foi deflagrada por ele quando demitiu o general Fernando Azevedo e Silva, ministro da Defesa, e forçou a saída dos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. Azevedo e Silva cedeu o lugar a Braga Neto, como Pazuello, amigo de longa data de Bolsonaro e obediente às suas ordens.

Bolsonaro quer que o Exército, como a força armada de maior poder de fogo, faça por merecer o tratamento de “o meu Exército”. O Exército dele, para que pressione o Congresso e o Supremo Tribunal Federal a satisfazer seus caprichos, e, no limite, apoiar a instauração no Brasil de um regime autoritário.

Se o Exército não punir, e com rigor, Pazuello, desmoraliza-se. Se punir, desagrada o presidente da República, provando mais uma vez que não é o Exército dele, mas do Brasil. Daí porque o general Paulo César anunciou que decidiu abrir um procedimento formal para apurar se Pazuello transgrediu regulamentos militares.

Apurar o quê? Se foi Pazuello o cidadão que subiu no carro de som e que ao lado de Bolsonaro discursou para os motociclistas? Se ele, como general, estava impedido de fazê-lo? Se o arrependimento do general é suficiente para perdoá-lo? Brincadeira! Este é o ponto da situação. E a valsa continua tocando.

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